UM QUARTO A 6000 KM DE DISTÂNCIA

Há quem tenha uma segunda casa para passar férias. Há quem prefira um resort.

Eu tenho a sorte de ter um quarto. A 6.000 km de distância, na casa do meu pai. É melhor que qualquer hotel 5 estrelas, não só porque durante uns tempos volto a ser mais filha e menos mãe, mas ainda porque sou mimada com os quitutes da (nossa) Jesus.

O quarto nem sempre teve o aspeto que se vê hoje. Há alguns anos, a cama de dimensões exageradas, era um móvel planeado para o espaço, com mesas de cabeceira incluídas (muito anos 80), uma cama extra que saía de baixo, e um armador de rede para caber mais um. A explicação é simples: nós chegávamos lá com um filho, depois com dois e a seguir com três, e o quarto esticava e às tantas transformava-se num verdadeiro kibutz.

Até que o meu pai fez umas reformas, arranjou um quarto para as netas, outro para os rapazes, e felizmente uma oportuna praga do bicho da madeira comeu a minha mega cama dos eighties. Pude finalmente arrumar o quarto do meu jeito!

E fi-lo completamente diferente do quarto que tenho em minha própria casa: eu que convivo TÃO BEM com a cor, conservei as paredes brancas, arranjei moveis rústico e optei por acessórios feitos com materiais da terra.   

Queria que fosse um quarto prático, descontraído e que cheirasse a férias: em cima da cama estão dois espelhos; a cabeceira foi feita em linho muito rude e áspero; a base do candeeiro, encontrei a vaguear lá por casa sem destino, foi eletrificada e o abajur confecionado em papel reciclado. O banco é de Bali e logo acima, uma composição de fotos nossas, que era suposta ir progredindo para encher a parede, mas tem ficado esquecida. O piso cerâmico é original da construção do apartamento e está presente em toda a casa. É artesanal, imperfeito, e tem uma textura de argila agradável ao pisar descalço. Pessoalmente, remete-me a areia da praia. Para quem não conhece a Oficina Brennand, que fabrica não só estes mosaicos como também objetos cerâmicos únicos, se por acaso for ao Recife, é uma visita a não perder.

Uma característica que é muito funcional e agrada-me imenso no quarto, é o fato de ter um closet aberto, virado para a casa de banho. Isto permite uma boa privacidade, sem que tenhamos de pensar constantemente em fechar a porta do quarto.

A foto não está das melhores, porque eu não tinha ângulo, mas penso que se percebe, que a porta da casa de banho dá diretamente para os armários que são abertos.

O quarto nunca está pronto. Há ainda muitas paredes em branco. Às vezes compro coisas em Lisboa, para levar ou mandar por algum portador. Isso aconteceu com o manequim que está na bancada da casa de banho. Recentemente comprei outro mais curvilíneo para lhe fazer companhia, mas ainda não houve oportunidade de o embarcar.

 

Gosto particularmente desta mesa redonda com os pés em ferro e do candeeiro, artesanato local, com um ar tão naif, cuja "saia" dá uma iluminação decorativa. Fica do lado do marido, porque ele não lê à noite.

Aproveito para agradecer as visitas, os comentários sempre construtivos e que leio com muita atenção. Dar as boas vindas a leitores recém chegados. E vos dizer que por vezes demoro, mas não deixo de ler o que tão gentilmente compartilham nos vossos blogs!