Mostrar mensagens com a etiqueta recordações. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta recordações. Mostrar todas as mensagens

A CASINHA DE BONECAS

15.7.13
Quem nunca sonhou em ter uma casinha de bonecas?Todas nós,aposto.
Pois as minhas filhas tiveram.Ou melhor,têm ainda.E uma de verdade,onde se consegue entrar.Com porta,janela,telhado,cozinha e mais mil acessórios.
A casinha surgiu por acaso.Um dia que o apartamento ainda estava em obras,calhou de eu levar lá a minha filha mais velha,que teria então 3 ou 4 anos.Estávamos no local onde seria o quarto dela e da irmã e sobrava um espaço chato de solucionar,na continuação de onde iriam ficar os roupeiros.Quando a vi em pé nesse canto já tão baixo e esconso e que estava prestes a se tornar numa arrecadação,resolvi de repente que ali iria ser a casa de bonecas que todas as meninas desejam.
                                                                            

Durante anos foi o canto preferido para as brincadeiras delas e das amigas.E na hora de arrumar o quarto,equivalia a varrer para debaixo do tapete:num passe de mágica,tudo rapidamente lá para dentro.
Hoje,restam poucos brinquedos,e se dependesse das duas,o espaço já seria ex casinha,atual mini-micro closed.Afinal,à medida que elas crescem,o roupeiro encolhe...e como.




Em Janeiro de 2000,o quarto apareceu numa matéria da revista Casa Cláudia,que falava sobre casas em sotão.A menina que espreita à janela com um sorrizinho maroto....

...é a mesma que estuda hoje para as 4 frequências que vai ter em agosto.Indiferente à casinha e a pedir um quarto mais adulto.Que a mãe já prometeu,e vai cumprir.

FLASHBACK

28.6.13
Por via de um tio,leitor voraz de quem costumo herdar os livros,veio-me parar às mãos "O mundo acabou" do jornalista Alberto Villas,em que este nos relata,através de curtos textos cheios de humor,marcas,pubs,jingles,bordões,objetos que fizeram parte da sociedade brasileira nos anos 60/70,acabando por desaparecer.

Enfim,não é inédita esta ideia de inventariar produtos e hábitos desaparecidos,e a leitura do livro,que iniciei sem grandes expectativas,acabou por se tornar hilária,uma vez que sendo eu filha,neta e bisneta de Brasileiros,reconheci alguns itens que existiam nas casas dos meus avós,para onde a minha mãe nos exportava nos 3 meses que duravam as férias escolares (thanks Moms!!).

Não sou saudosista nem nostálgica,penso que tudo tem seu tempo, todas as épocas são boas,e tudo na vida mais cedo,ou mais tarde,tem um fim.
Mas deu-me uma vontade imensa de ter a minha própria sessão de flashback,tentando recordar que coisas fizeram parte da minha infância  nos anos 70 (em Lisboa).

Pensei que iria ter uma lista infinita de recordações,mas nem por isso...

Era o tempo em que o meu pai ao domingo levava a família a almoçar fora,no restaurante Galeto (que ainda existe e está intacto!) e acompanhar a refeição com uma Spur cola fresquíssima era um luxo...

Uma vez por outra,a minha mãe dava-nos uma carcaça para levar para as aulas,e no bar do liceu,comprávamos um comacompão,o chocolate cujo nome dispensava qualquer explicação extra....

As Piratas faziam as delícias da criançada:cor de rosa,bastante rijas,e o sabor nem durava muito,mas nós adorávamos...

Pelo Natal ou nos anos,a minha avó tratava de arranjar um portador,e enviava-nos uma boneca Sindy ou Susi.
As roupinhas,fazíamos ou íamos comprá-las,usando o dinheiro da semanada,aos Armazéns do Chiado...
As bonecas de papel permitiam varias combinações desafiando a criatividade infantil,e eu que nunca fui fashion mas gostava de desenhar,por vezes arriscava as minhas próprias criações...

Os discos de vinil coloridos são inesquecíveis.Tinham lado A e B. Tocavam cantigas de roda,ou contavam histórias infantis...

Só existiam dois canais de televisão,com emissões que terminavam antes da meia noite.Entre outras séries,eu era fã de "casei com uma feiticeira" e a Samantha,que fazia mágicas com um simples torcer de nariz,era sem dúvida a minha heroína.Não perdia um episódio...

E havia as cartas.Eu escrevia,e muito.Para a família e para pen friends,que nunca chegava a conhecer.E esperava ansiosa as novidades na volta do correio.Os marcos de correio continuam a existir e são bem característicos das cidades portuguesas,mas por vezes pergunto-me se não estarão ainda ali,somente para nos lembrar que numa outra era,escrevia-se..... 


Quem desse lado partilha de algumas destas lembranças?     
Ou outras...


BORDADOS COM HISTÓRIA

20.2.13
Lembro-me da minha mãe ter em casa inúmeras peças de linho, bordadas por mãos prendadas, de lençóis a toalhas de mesa, panos de prato, naperons e camisolas de dormir, que tratava com muito carinho. Algumas ainda existem, outras gastaram-se com o uso.
Antigamente, enxoval era coisa séria, e tudo era idealizado pela minha avó materna, que adorava ocupar-se com trabalhos manuais e era fascinada por armarinhos e retroseiros.
Ela comprava tecidos de linho e algodão importados, trazia de fora ricas rendas, inspirava-se em revistas da especialidade e tinha em casa uma bordadeira "fixa", a quem fornecia os "riscos" depois de decidir os desenhos e coordenar as cores dos tecidos e das linhas. A seguir, passava as peças para a costureira que tratava de cortar e montar os conjuntos.

Deste seu encanto pelos bordados, ficou comigo um caderno datado de 1959, de um curso ministrado pela Singer, no qual, página após página, a minha avó colou um exemplo de cada tipo de bordado e ponto que aprendeu, assim como a respectiva denomunação.


Há cerca de 3,4 anos, uma das minhas irmãs entregou-me uma pasta com os riscos dos bordados. Papéis de seda e vegetais, dobrados e amarelecidos pelo tempo, com desenhos minuciosamente decalcados pela nossa avó, aqui e ali anotações.Não sabia o que fazer com aquilo.

Guardei-os numa gaveta, até achar que mereciam melhor sorte: as paredes do meu quarto e do gabinete de trabalho.
           

Depois de ter casado as três filhas, e assim ter chegado ao fim a "desculpa" para os enxovais de casamento, vieram os netos,e ela dedicou-se aos conjuntos de lençóis para alcofas e berços e roupinhas para os bébés.
Mais tarde, os bisnetos, aqueles que nasceram até 1998, ano em que a minha avó nos deixou, ainda foram contemplados com estes verdadeiros tesouros.
São para crianças os exemplos que vêm acima, riscos e moldes de babadouros, lençóis e "mandriões".

O quadro grande,que está sobre a cama, na prática traduz-se por isto: um conjunto de lençol e babadouro, datado de 1973,de cor forte,ao gosto dos anos 70. Bem fashion esta minha avó!
                     

Um agradecimento especial à minha tia Lúcia, a quem sempre recorro quando me falha a memória.

  

LinkWithin

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...
Web Analytics