11 ANOS
QUINTA DO ROSSIO
PROJETO RÁPIDO DE FIM DE SEMANA
As minhas filhas, que até à adolescência tiveram sólidos hábitos de leitura, vinham, de há uns anos a esta parte, desprezando esta atividade tão importante. Não sei se por preguiça de comprarem livros, se por alegada falta de tempo, o fato é que um hábito que fez sempre parte da rotina das duas, acabou por ser posto de parte. Até que, recentemente, uma delas voltou da rua com um eReader e a outra, num impulso, resolveu também aderir à novidade. Os tablets são bem pequenos (ecrã de 6") e permitem escrever notas ou aceder ao dicionário. Existem capas da marca à disposição para venda, mas as duas pediram-me se eu poderia colocar mãos à obra e fazer dois estojos exclusivos com local para guardar o fio para carregar. Descoberto um tutorial fácil na Internet, a execução foi simples, prazerosa e terminada em algumas horas no fim de semana. Ler, é um hábito, diria mesmo uma mania, que tenho incorporada à minha rotina. Já perdi a conta de quantos livros li este ano, e chego ao cúmulo de, se um não está do meu agrado, começar um novo e levar ambos adiante ao mesmo tempo. Detalhe, só os leio em inglês, para não perder a fluência na língua e desenvolver ainda mais a gramatica e o vocabulário. Mesmo não sendo daquelas que precisa sentir o cheiro dos livros, nem do tipo que os guarda religiosamente em casa, as miúdas ainda não conseguiram me convencer com o eReader. Talvez um dia. Mas o que é verdade, é que tem funcionado para elas, e bem!
DECORAR COM SOBRAS
Já lhes aconteceu de ter em casa um objeto, um móvel, que por alguma razão acabou por se partir ou estragar e a tendência, quando isso acontece, é pensar em pôr no lixo uma vez que o que sobrou da peça não vai ter mais préstimo? Pois talvez tenha chegado o momento de olhar com mais atenção para as partes que sobreviveram, uma vez que estas, utilizadas com engenhosidade podem surpreender (e muito) na decoração.
A loiça da avó que foi se partindo e apenas chegou até nós uma peça desirmanada; aquela panela de esmalte que de tanto ir ao lume, queimou, mas a tampa resistiu; pés de máquinas de costura que não estão mais completos e até o móvel que foi sacrificado pelo bicho mas ainda dá para salvar alguns elementos trabalhados, são só algumas das ideias que vai ver a seguir e que, espero, a poderão inspirar para continuar com uma memória daquela peça pela qual tinha tanta estima e carinho mas que por contingências da vida, deixou de estar inteira!
VIDA NOVA PARA UM MÓVEL DE COZINHA
Se não me engano este móvel saiu exatamente do mesmo apartamento onde se encontrava este outro. Aliás, agora que escrevo isto, a certeza é quase total, quanto mais não seja pois são ambos muito parecidos, e enquanto o outro estava cravado na parede de um quarto de arrumos, este cravado estava num canto da cozinha. De onde foi arrancado sem grande cuidado, diga-se, agravando ainda mais o seu estado de saúde que já não era dos melhores. Por estar fixado num canto, não tinha lateral (o outro tinha, era uma madeira tosca, mas pelo menos existia) e a parede da casa era o seu fundo. Ou seja o que me chegou às mãos, basicamente, foi um armário só com um lado, sem costas, com camadas de tinta e de gordura, mas a essa última característica, já me habituei. Tal como o outro, a cimalha também não é completa, já que estavam ambos colocados em posição de canto, mas quanto a isso, até acho que lhe dá um certo carisma, faz parte da sua história. O que fiz, basicamente, foi pedir a um carpinteiro que me fizesse uma lateral nova, depois desta colocada, lixei até à exaustão tintas velhas e gorduras; e com tinta, stencil e "transfers" elaborei um fundo para o móvel. Por curiosidade, quando descartei as telas plásticas que compunham as portas, estive que tempos a pensar onde iria arranjar rede de galinheiro com buracos que não fossem muito grandes, de modo a não ficarem desproporcionais depois de montadas no móvel. Já andava desmotivada com a procura quando, numa viagem rápida a Copenhaga, e depois e entrar numa rua que não fazia parte do roteiro para esse dia, dou de caras com uma loja enorme da Panduro, marca Dinamarquesa de arte e artesanato que adoro. Entro, e saio de lá feliz da vida com a tela de galinheiro com buracos pequenos e proporcionais, exatamente aquilo que queria! Prova de que quando tem de ser, as coisas acontecem mesmo! Nas fotos que ilustram este post, o móvel aparece colocado sobre dois bancos, pois a cozinha à qual ele se destina ainda não está em condições de o receber, mas breve, breve, irá encontrar o seu lugar em meio a móveis modernos, que decerto realçarão ainda mais a sua rusticidade. E voltarei para mostrar!