DE CAFETEIRA A CANDEEIRO

30.7.15
Nestas noites de verão, frequentemente jantamos fora. No terraço, entenda-se. E eu já andava cansada com as reclamações da família pela alegada falta de luz no exterior. É que há certas coisas nesta casa, que apesar de terem sido pensadas há quase 20 anos e de eu até reconhecer que possam estar démodés, tenho relutância em substituir. Os apliques de parede colocados lá fora, a 30 cm do chão, que dão uma iluminação ambiente e os candeeiros de teto, de vidro colorido, trazidos de Marrocos, bonitos, mas que na prática não iluminam grandes coisas, são elementos que teimo em conservar.
Para acabar de vez com os queixumes, lembrei-me da velha cafeteira esmaltada. Um objeto que foi concebido e usado durante largos anos para aquecer a água do café; quando veio para as minhas mãos, passou a acolher as flores que alegravam a sala; podia muito bem, agora, transformar-se em candeeiro temático, ser colocado no meio da mesa, e nesta nova e derradeira função, ocasionar refeições iluminadas e agradar as hostes.
Tudo, é uma questão de exercitar o olhar, reinventar e desta forma, produzir uma decoração sem cópias.

IDEIAS DESCONTRAÍDAS PARA A MESA

23.7.15
Quando o verão instala-se e com ele chegam as férias, vem também a vontade de fazer refeições leves em mesas descontraídas. Temos mais tempo disponível para estar com a família e convidar os amigos e inovar é uma forma de sair da rotina, mesmo que continuemos em casa. As ideias que vão ver a seguir, pesquei-as por aí. São simples, criativas, e adaptadas à nossa realidade, podem fazer a diferença na hora de sentar à mesa. O meu conselho é o do costume: olhos bem abertos e antenas ligadas pois a inspiração está por todo o lado!

No Porto chamou-me a atenção esta mesa comunitária, onde tudo está à mão de semear, mesmo antes de iniciar a refeição: uma bela água fresca e aromatizada, frutas da época, e até canetas de feltro para as crianças não se maçarem. Reparem na loiça simples e nas flores secas colocadas de forma despretensiosa. Uma mesa informal e aconchegante, fácil de reproduzir, onde descomplicar parece ser a palavra de ordem.

O LANDAU

16.7.15
Um presente inesquecível na minha vida, responsável por ainda hoje fazer-me sorrir e trazer-me recordações de muitos momentos felizes, foi um landau para as bonecas, bem ao estilo anos 70. Uma amiga da minha mãe, senhora muito distinta de origem britânica, a tia Mae, ofereceu um a mim e outro à minha irmã, mais velha do que eu apenas um ano. Dada essa proximidade de idades, andávamos sempre juntas, confundiam-nos frequentemente com gémeas e em geral, as prendas eram dadas em dobro, só diferindo nas cores. Assim como as roupas que a minha mãe nos fazia usar. Um belo dia chegaram dois landaus lá em casa, lindos, com os respetivos enxovais feitos pela própria tia Mae, e que consistiam em lençóis com travesseiros e fronhas a jogo. Há mais de 40 anos, isto era um sonho para qualquer menina. Não pude então ficar indiferente, quando, recentemente, ao sair de casa pela manhã, avistei a minha infância encostada a um muro, ou melhor dizendo, um carrinho para bonecas em verga abandonado na calçada. Bem longe do glamour do landau que me acompanhou em tempos, certo, e bem perto de ser recolhido pelo caminhão do lixo. Olhei disfarçadamente para os lados, fiz um sorrizinho de circunstância a um vizinho que passava e rapidamente lancei-lhe mão. O que se seguiu é previsível: desmontei-o, lavei-o, pedi a um carpinteiro que reproduzisse a rodinha em falta, e ao estofador que fizesse um pequeno colchão. Tive a satisfação de confecionar a roupa: lençol de baixo e de cima, almofada com fronha, manta em patchwork para clima ameno e edredon para dias frios. Tudo bem pequenino já que o carrinho tem menos de 40 cm de altura e a alcofa mede 50x30. Não refiz o resguardo que vinha com ele, preferi ver mais verga e menos tecido, mas reeditei a proteção para o sol numa versão mais ao meu gosto. Não é que o brinquedo tenha recebido mais atenções depois que foi para a minha casa, afinal, lá só moram ex crianças. Mas eu olho para ele e volto a ter 6 anos.

USAR AS OURELAS DOS TECIDOS

9.7.15
Quem gosta de tecidos, provavelmente já sabe daquilo que vou falar: de aproveitar tudo até ao mais ínfimo retalho, de não desprezar nem as ourelas! A ourela é aquela borda mais grossa do tecido, que lhe serve de acabamento, é ali que vêm impressos a paleta de cores da estampa, composição do pano, denominação do fabricante, do eventual designer e até o "nome próprio" do tecido. Depois de cortadas, viram tiras com dizeres e círculos de cores, que uma vez unidas, podem transformar-se elas próprias num tecido exclusivo, pessoal e intransmissível. De há uns tempos a esta parte, tenho vindo a guardar as ourelas dos tecidos que uso e também a receber (de braços abertos) as bordas que as amigas descartam. De posse de uma boa quantidade, lancei-me, à guisa de primeira experiência, numa almofada com um bloco fácil, apenas para comprovar duas situações das quais já suspeitava:
1) Não é mito o potencial destas margens aparentemente desinteressantes.
2) Verificou-se o meu maior temor: que de agora em diante, também será fator determinante na escolha do tecido, a originalidade da borda.

A sério, internem-me. Prometo não oferecer resistência.






































JUNTAR MESAS DIVERSAS

1.7.15
Quem me lê há algum tempo, sabe o quanto eu gosto de misturas. Mesclar estilos, cores e padrões, desde que haja um equilíbrio visual, constitui para mim um autêntico desafio e um deleite para os olhos. A minha amiga Sylvia, surpreendeu os convidados na sua festa de aniversário, quando inovou ao montar composições diferentes no grande jardim de sua casa. Juntou longas mesas comunitárias com quadradas, usou pratos clássicos combinando-os com copos arrojados, atreveu-se na oposição das cores. As mesas forradas de branco e pés simples, deixaram que as loiças de família e os copos laranjas fossem os protagonistas, enquanto que outras com tampo em vidro, película a imitar painel de azulejos e base capitonné, recebiam pratos prateados e copos na mesma cor ou num amarelo ovo contrastante. Lanternas com velas no centro das mesas e cadeiras ghost  foram os elementos comuns que unificaram o todo, confirmando que, se hoje em dia não existem regras, o importante é saber harmonizar!


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