O móvel veio desta casa, onde habitou a D. Raquel. Deixado à sua sorte, como todos os outros, o que me chamou a atenção no dito cujo, foi o seu estilo não definido e o formato assimétrico. Quando peguei nele, não tinha a mínima ideia de que maneira iria transforma-lo, só sabia que precisava despi-lo das camadas de tinta. E foi duro, acreditem! Sessões intermináveis com decapante e lixadora elétrica, em que a única desculpa que me movia era a expetativa do que poderia descobrir: imaginava uma madeira antiga, num tom bonito em que bastaria envernizar ou encerar e toda a beleza do pequeno armário ficaria assim exposta. Ledo engano! partes bonitas apareceram, sim, mas outras, muito manchadas, também se tornaram visíveis e o fundo (que desilusão!) era em contraplacado. Eu percebo que estas marcas fazem parte da história que a peça carrega, mas neste caso, achei que preservá-las não abonaria em nada o móvel. Num primeiro momento, pensei em esconder as partes danificadas com pintura, depois considerei aplicar papel e finalmente optei pelo tecido, um que fosse buscar o verde dos vidros, o alaranjado da madeira, e tivesse um pézinho nos anos 70, só para baralhar ainda mais o estilo.
Coloquei-o na cozinha, no m2 onde costuro. Pode soar estranho, mas tendo em conta os meus fracos dotes culinários, a cozinha para mim serve mais para coser do que para cozer!
Coloquei-o na cozinha, no m2 onde costuro. Pode soar estranho, mas tendo em conta os meus fracos dotes culinários, a cozinha para mim serve mais para coser do que para cozer!