UM NATAL DIFERENTE...

26.12.13
...foi aquele que passámos este ano.
A filha mais velha mora na Bélgica e não lhe convinha vir a casa. E quando Maomé não vai à montanha, a montanha desloca-se. E lá rumámos nós em direção a Bruxelas.
De antemão, sabia que um jantar de Natal, só para nós 5 e numa casa de estudantes, carecia de alguma organização antecipada ou seria recheado de improvisos.
Assim sendo, ainda em Lisboa, preparámos o cardápio. Por unanimidade, o bacalhau ficou de fora (o apartamento é pequeno e a ventilação duvidosa). O peru acompanhado de castanhas Portuguesas iria já assado na mala do marido, e aterrou em Bruxelas na própria véspera de Natal, em meio a uma enorme tempestade, que nos fez temer o pior (marido e peru ilhados num qualquer aeroporto Europeu). Para um gostinho de Brasil, também seguiria farinha de mandioca para ser transformada numa bela farofa. E como em Roma sê Romano, os doces seriam os tradicionais do Natal Belga: mini troncos de Natal, petit Jesus em pasta de açúcar, cougnous (um pãozinho em brioche) tarte de cerejas.
Ficou por minha conta, a tarefa de pensar numa mesa bonita. Lembrei-me de comprar um tecido alusivo e cortar uma toalha simples para a ceia. Separei para levar, guardanapos (desta vez de pano), alguns enfeites rústicos que tenho, por ser este o ambiente da casa, e preparei um kit com algum material, banal quando estamos na nossa terra, mas sempre complicado de encontrar no estrangeiro, tais como pioneses, vários tipos de cordel, velas de réchaud, e outras insignificâncias mais, fundamentais na hora de se montar uma mesa.
Pratos e copos, escolhi-os sem muito tempo para pensar, na Maisons du Monde, loja com mil ideias para a casa, em variados estilos, no centro de Bruxelas e a preços aceitáveis. Sempre naquela minha mania de misturar os serviços, e em meio a um mar de gente que fazia as últimas compras de Natal.
Foi uma Consoada diferente, feliz e tranquila, os cinco reunidos novamente, como não estávamos há cerca de meio ano.



CLICKS DAS LEITORAS

20.12.13
Com aplicações tão simples tais como o WhatsApp, tornou-se acessível a tarefa de amigos e familiares nos enviarem fotos sem nenhuma razão em particular. Só porque tal objeto ou certa ideia, fez a pessoa lembrar-se de nós.
Pessoalmente, adoro receber este tipo de foto, geralmente acompanhada da legenda "isto é a tua cara" ou "acho que vais gostar". Ou até, sem comentários. Não só sinto-me acarinhada por alguém ter pensado em mim, como por vezes surpreende-me de que forma eu fui lembrada.
São imagens espontâneas, tiradas com toda a naturalidade e sem nenhuma pretensão de perspetiva ou foco, as que fui descobrir numa pasta a que tinha chamado de "clicks das leitoras". Ideias que podem ser francamente interessantes, apenas curiosas, ou engraçadas o suficiente, para merecer a partilha.

Ora vejamos:
A Laura encontrou nas ruas de Bruxelas esta bicicleta sui generis e a Vespa colorida e feminina. Sabendo que sou ciclista urbana, e fã da estética dos anos 5o, à qual a acelera remete, não hesitou em clicar. 



UM DOCE NATAL

13.12.13
Não tenho dia especial para montar a árvore, nem hora determinada para entrar no espírito Natalício. Não sendo a minha época preferida e avessa que sou a tradições, empurro com a barriga a hora de começar. Vou olhando aqui e acolá, e tento arranjar um fio condutor, algo que me inspire e me leve a inventar alguma coisa.
Por causa desta minha característica, é difícil pedir à família que colabore. Afinal, quando tiro as caixas da arrecadação, apenas tenho uma pequena ideia daquilo que tenciono fazer, o resto surge no momento.
Este ano, encomendei uns suspiros gigantes na pastelaria do Sr. Martins, comprei manta acrílica e tule na casa de tecidos, e trouxe frascos de diferentes alturas da loja do Chinês.
Mais uma vez, usei a estrutura cónica que tenho há anos e lancei mãos à obra.
Tudo o resto, exceto o boneco Quebra Nozes, que era um sonho antigo, havia em casa. Sempre gostei disso: de baralhar e voltar a dar. Ou seja, de reunir o que tenho, e dispor de uma nova forma.
Resultou num doce Natal. Ou num Natal com cara de bolo de noiva.


UM NATAL NADA CONVENCIONAL

6.12.13
The Conran Shop, é uma das lojas que mais gosto de visitar em Londres.

Do designer Britânico Terence Conran, conhecido por ter fundado nos anos 60 a cadeia de lojas Habitat, the Conran Shop enche-nos os olhos e as medidas com ícones clássicos do design, peças contemporâneas, elementos vintage Style, além de iluminação e acessórios para a casa.

Como se não bastasse a loja em si, a sua localização é mais um fator que justifica a visita: fica situada no Michelin House Building, um edifício de 1911, onde funcionavam os escritórios e o depósito de pneus da marca Michelin. Sir Conran recuperou a construção nos anos 70, e como homem dos 7 ofícios que é, além da loja, ainda instalou no mesmo espaço um dos seus restaurantes e Oyster Bar

Não é uma loja propriamente acessível, mas apreciar e sonhar não custa nada.

E este ano, em termos de propostas para o Natal, a minha opinião é que eles se suplantaram com sugestões de mesas para todos os gostos.

Vou começar, com o que havia de mais clássico e bastante convencional, nas cores preto, vermelho e prata:




Passemos para um registo mais campestre, em laranja, rosa e salmão. Mesa rústica e as célebres cadeiras Tolix. Notem: sempre mega adereços que caem do teto.

E AS FELIZES CONTEMPLADAS SÃO...

4.12.13
Antes de mais, quero agradecer a participação massiva e dinâmica de todas vós, e sobretudo dizer-vos que os vossos comentários tocaram-me sinceramente.
Não sei se esperava uma tão grande adesão e isto está a dar-me o que pensar para uma próxima oportunidade pois sinto que tantas de vocês que são tão queridas, sairão daqui desapontadas.
Mas vamos ao que interessa, a extração das ganhadoras, feita da forma mais rudimentar possível : nomes escritos à mão em papeizinhos cuidadosamente dobrados e misturados dentro de uma taça transparente.
A minha intenção era arranjar uma criança de tenra idade, cujas mãozinhas inocentes não dessem margem para dúvidas da sua imparcialidade, mas o mais perto disto que consegui, foi o meu filho de 13 anos. E ainda tive que esperar que o pequeno acabasse as aulas, razão pela qual, o resultado não saiu logo de manhã.

Vamos a isto, façam figas:



1ª sorteada, que vai ganhar um sensacional conjunto de 4 individuais:



2ª sortuda, comtemplada com o fabuloso set de 2 caminhos de mesa :



Estão ambas de parabéns! a Maria do blog M de Maria Ateliê e a Carla do blog The Blue Post

E agora, com licença, que preciso ir rapidamente ao Rio de Janeiro e a Weil am Rhein (Alemanha) para dar a notícia pessoalmente!!

O ANIVERSÁRIO É NOSSO, O PRESENTE É SEU !

28.11.13


É com este batido slogan de cadeia de supermercado que anuncio que o blog completa hoje 1 ano! É um bébé, eu sei, tem muuuuito a aprender ainda.
Não vou fazer uma retrospectiva do que têm sido estes 365 dias, mas apenas dizer-vos que adoro estar aqui, e que é sempre com muito prazer e carinho que escrevo e partilho ideias convosco.
Quando comecei, não tinha expectativas de nada. Sempre li blogs, gosto de arquitetura,decoração e trabalhos manuais, porque não mostrar a quem está desse lado tantas e tantas fotos que até então apenas engordavam o arquivo? Assim nasceu o L´ar.
Não tinha a noção de que as pessoas passavam e participavam com as suas mensagens, numa troca constante de pontos de vista e sugestões.
E que ainda melhor do que escrever, é ler-vos. Ler os vossos comentários, que me motivam e incentivam. E ler os vossos cantinhos, onde aprendemos tantas coisas, entre elas a vos conhecer melhor. E só pelo prazer da leitura, sem obrigações.
A quem por aqui costuma passar das mais diversas formas: àquelas que não se manifestam, às que de vez em quando dizem olá e às (muitas) top comentadoras, o meu muito obrigada. Tem sido um ano gratificante de descobertas, inspirações e amizades.

E para comemorar em grande esta data e alegrar ainda mais as vossas casas, vou sortear um sensacional conjunto de 4 individuais:




E um fabuloso set de 2 caminhos de mesa. A parte da costura feita por mim; o crochet, gentileza da minha sogra, que apercebeu-se a tempo que eu não ia dar conta do recado.



Para participar, não é preciso curtir a fan page que o blog não tem, nem partilhar na vossa barra lateral o que quer que seja.

Basta ser seguidor (se ainda não é, não espere mais, a hora é esta) e deixar a timidez de lado comentando neste post até terça feira 3 de dezembro. E cruzar os dedos, claro!

Quem não tem blog, não esqueça de deixar um email de contato, para o caso de ser a feliz contemplada.

Resultados no dia 4/12. Boa sorte a todos!!

COZINHA PRONTA EM 3...2...1 !

21.11.13
Promessa é dívida! vou mostrar a cozinha, ou melhor, o canto das refeições finalmente pronto. Levou o seu tempo, eu sei. Não é que a remodelação fosse complicada , muito pelo contrário: já tinha tudo na minha cabeça, era só questão de concretizar.
Mas o tempo frio e húmido não ajudou à colagem do papel nem as pinturas em tinta de esmalte, então tudo tornou-se mais moroso.

Mas aí está, um espaço muito pessoal e quase intransmissível, reconheço.

Em 17 anos, a cozinha conheceu 3 fases.
Da primeira, apenas sobram as imagens abaixo, tiradas da revista Casa Cláudia de janeiro de 2000, em que a família era menos numerosa, e o estilo tinha um pézinho no rústico.

Em 2007, fiz umas obras grandes na cozinha. Mudei móveis, piso e revestimento das paredes, e claro que o canto das refeições também levou um upgrade: acrescentei uns nichos para a crescente coleção de velharias, coloquei uma mesa maior, porque no entretanto a família aumentou, e troquei a pintura mural rústica por algo mais citadino, inspirado nos cafés Parisienses. Sou assim: altamente influenciável pelo que vejo. 

UMA SEMANA CHEIA

15.11.13

Por vezes sou assim. Esqueço que o dia só tem 24 horas  (das quais 8 são para dormir) e invento de iniciar mil e uma atividades em simultâneo.
Depois fico frenética a tentar respeitar os prazos que eu própria me imponho.

As mudanças que estou a fazer na área de refeições da cozinha, que incluem pinturas por minha conta, somadas às costuras e crochets que farão parte da surpresa que tenho para vocês no 1º anif do blog, fizeram-me pensar que talvez, tão cedo não conseguisse postar.
Acrescente-se ainda a visita de uns tios do Brasil, e o fato de estar de bábá do cão dos vizinhos, que se ausentaram por uns dias, deixando o coitado nas minhas mãos!
Mas aqui estou, para vos dizer, que no meio do lixa-pinta-torna a lixar, corta-erra-corta novamente, costura e conta malhas, passeia os tios e passeia o cão, a semana acabou em beleza com a chegada de um mega pacote proveniente diretamente da Ilha da Madeira!
Sim, a Lulu, que para muitos de vocês dispensa apresentações, do blog Walking on sunshine, enviou-me produtos típicos da Madeira, que eu adorei.
Quem não a conhece, aproveite os dois dias que tem pela frente e faça uma visita ao cantinho dela, que tal como a dona, é simples, sereno e romântico. E cheio de dicas de decoração e DiY, receitas, reciclagem, inspirações. A não perder!
 
Da ilha da Lulu veio um licor de tomate feito a 4 mãos por ela e a mãe e lindamente engarrafado num frasco de vidro decorado pela Lulu, com direito a rótulo e tudo.
Chegou-me também uma lata vintage com broas de mel crocantes do Porto Santo, típicas de Natal, e uns românticos guardanapos de papel.  
 
 
 
Muito obrigada Lulu, sei que foi de coração que mandaste-me estas lembranças da tua terra, e com grande alegria que as recebi.

PARA INSPIRAR E COPIAR (OU ADAPTAR)

6.11.13
Gosto muito quando as lojas apostam numa imagem diferente para atrair o público.
Sem entender nada de estratégias de marketing, penso que é uma forma de convidar o consumidor a entrar e a conhecer a marca. É ainda uma maneira de tornar mais acolhedores os ambientes e personalizar espaços que hoje em dia ficam muitas vezes situados em grandes superfícies descaracterizadas.

A Naf Naf é uma marca francesa que pessoalmente nem me diz muito, mas adoro o estilo que adotam na decoração das lojas deles.
É criativo, descontraído e surpreendente, o modo como usam peças do quotidiano, subvertendo-lhes a função. Ideias para inspirar e copiar  (ou adaptar) em casa.
A única coisa chata é não permitirem fotos no interior da loja. Por essa razão as primeiras imagens estão um pouco desenquadradas (tiradas à revelia) e as outras tiveram que ser feitas através das montras, sem conseguir evitar os reflexos dos vidros.

Achei interessante o desmembramento do guarda roupa antigo: as portas saíram e foram colocadas nas paredes, transformadas em espelhos de corpo inteiro. O roupeiro permaneceu aberto, em jeito de expositor.

Móveis clássicos (não necessariamente velhos ou antigos) foram para as montras, pintados de uma só cor, inclusive os puxadores.
Uma gaveta estreita adota funções de prateleira.

Fazer uma composição com uma coleção de um mesmo objeto, pode render uma parede original em qualquer canto da casa. Até mesmo aquelas peças que habitualmente vemos pousadas no chão ou em cima da mesa.

Nem só de pratos vive uma parede. Aqui parece que aproveitaram todo o serviço: as chávenas colocadas de diversas formas e até a terrina da sopa. Só é preciso ter coragem para fazer o pequeno furo na porcelana.

Esta última foto é dedicada aquelas que passam por aqui e adoram costura. Existe alguma coisa que deixe um local público com mais cara de casa do que uma máquina de costura antiga?

Loja Naf Naf da Rue Neuve em Bruxelas, Be.

OBRIGADA

2.11.13
 
Num blog pequeno, com relativamente poucas (mas boas) leitoras, qualquer movimentação anormal que aconteça, faz diferença.
E isto passou-se com o L´Avion Rose esta manhã.
Intrigada, cliquei aqui e ali, consultei o Analytics e descobri, surpresa, que havia sido citada por Elaine Gaspareto no seu blog  Um pouco de mim.
Preciso dizer aqui, o quanto me sinto feliz e honrada por várias razões, mas principalmente pelo fato desta deferência ter vindo por parte de uma pessoa extremamente generosa, que no seu blog aborda os assuntos mais diversos, sempre com franqueza e um verdadeiro sentimento de lealdade e partilha.
Um pouco de mim é mais do que só um pouco da Elaine, é onde ela se dá a conhecer por inteiro.
Ali, Elaine divide connosco dicas sobre blogs (o pouco que sei, foi lá que aprendi), divulga e impulsiona o trabalho dos que estão a começar, abre espaço para debates interessantes sobre ética e comportamentos na blogosfera, brinda-nos com receitas deliciosas, e com grande coragem, emociona-nos com suas histórias de vida, nem sempre fácil.
Leio a Elaine há já algum tempo, mas só recentemente atrevi-me a comentar. Se não me engano, opinei sobre um post em que Elaine falava sobre o tema "me segue que eu te sigo". Julguei que num blog com mais de 6000 seguidores, um comentário assinado por uma tal "Val" seria apenas mais um, e por isso mesmo, até aí tinha sido uma leitora silenciosa. Mas julguei mal: minutos depois de ter postado o meu comentário, Elaine responde-me, não só interessada nas minhas palavras, como ainda esclarecendo-me de certos pontos que jamais tinham ocorrido a uma blogueira caloira como eu.
 
No final de Novembro, este blog vai completar um ano. Tenho algumas ideias em mente que espero conseguir concretizar, para que quem me acompanha e despende o seu tempo a ler o que escrevo, seja o verdadeiro aniversariante.
Escusado será dizer, que ter sido citada por um blog sério e de grande visibilidade como o da Elaine, motiva-me a ter vontade de continuar.
Obrigada, Elaine, pelas suas doces palavras. E obrigada a todos os que passam por aqui.

LANCHE PARA TARDES FRIAS

29.10.13
O outono começou com chuva e temperaturas a cair, e para acompanhar estes dias bastante frescos, nada melhor que uma boa chávena de chocolate quente com uma generosa colher de gemada.
A receita é da minha tia Lúcia, que costumava servir esta bebida numa terra em que a temperatura média anual é de 26 graus, e a humidade do ar ronda os 90%. Combina? não mesmo, mas a verdade é que fazia as nossas delícias.

O processo é bem simples:

1- colocar o leite para ferver e ir engrossando com um chocolate amargo. Eu usei chocolate em pepitas mas pode ser em pó.
2- Para a gemada: bater as claras em castelo, e quando estiverem bem rijas, juntar as gemas. Misturar, e adicionar 1 ou 2 colheres de sobremesa, mal cheias, de açúcar.

A única dica importante é preparar a gemada o mais perto possível da hora de servir, para elas irem para a mesa bastante encorpadas.
Colocar a gemada numa molheira com uma mini concha também dá um charme extra. Eu improvisei com o açucareiro, acompanhei com uns scones a sairem do forno, e eis um lanche bem energético.



Notaram o papel de parede que serve de cenário ao meu lanche? ok, não sou apologista de mostrar as coisas antes delas estarem prontas, mas trata-se da zona de refeições da cozinha de casa, que se encontra em remodelações. Ainda faltam novas prateleiras para expor as velharias que encontro por aí, e mais algumas ideias que tenciono pôr em pratica, mas não sei se vão funcionar. Fica prometido para breve um antes e depois ao pormenor! 

AS FESTAS DE ANTIGAMENTE

22.10.13
Das dezenas de fotos antigas que tenho da minha família, infelizmente guardadas numa caixa sem que nunca ninguém, nem eu própria, tenha se preocupado em dar-lhes destino melhor, as que mais se destacam aos meus olhos, aquelas que comtemplo vezes sem conta, absorvendo cada detalhe das imagens, são as que numa sequência, contam os primeiros aniversários da minha mãe. 

Tudo naquelas fotografias, fascina-me.
Através delas, ano após ano, vejo a minha mãe passar de bébé a criança, perder os dentes, ganhar uma irmã.

Chama-me a atenção o cenário, sempre o mesmo, onde apenas um ou outro detalhe muda. As cortinas de crochet que a certa altura são substituídas por outras em renda, o relógio, a cristaleira, as flores nos dias de festa e o pormenor do frigorífico na sala, um luxo há 75 anos.

Não fico indiferente à elegância dos meus avós, em pose austera com as filhas junto à mesa, antes de começar a festa, eternizando o momento. Às roupas impecáveis, aos penteados cuidados, ao capricho extremo.

2º aniversário, Chapéuzinho vermelho, outubro 1938
E tento imaginar a deliciosa movimentação que não seria naquela casa nos dias (ou semanas) que antecediam a festa. O carinho da minha avó, que com o envolvimento de todos, até das vizinhas, decidia o tema, idealizava as lembranças, imaginava e montava as mesas, confecionava os bolos, enrolava os doces.

Festa da primavera, 3º aniversário, 1939

BANQUINHO DE ROUPA NOVA

15.10.13
Há já algum tempo que não publicava um clássico Antes e Depois. Daqueles que não fica muito por dizer, apenas mostrar as imagens.
A história deste pequeno banco eu já contei aqui. A seguir à publicação dessa postagem, ele continuou ainda uns bons meses no meu gabinete. Até que a Cristina, uma colega de escritório, um belo dia diz-me:  
" Levei o teu banquinho para casa. Vou tratar dele! "

E o banquinho voltou esta semana: de roupa nova, colorido e com berloques. Pronto para uma nova vida lá em casa, onde vai passear, perambular e flanar, até encontrar o seu lugar.



Gosto do fato de ser um banco tosco, executado numa madeira popular e cheia de nós, com pregos à vista e marcas do tempo.

DOCE DE TOMATE E OUTRAS IDEIAS

9.10.13
Eu que nem gosto de cozinhar, tive o atrevimento de pedir à Manuela a receita do doce de tomate. Pedido a que ela não só gentilmente acedeu, como ainda descreveu ao pormenor todo o PAP da execução, o que para uma amadora como eu, é fundamental. 
Vale a pena visitar o blog da Manuela: os doces são de dar água na boca, tudo home made, com frutas e legumes produzidos na sua quinta. Além disso, ela adora receber e isso fica bem patente nas produções chiquérrimas de mesas, que ela monta, só para nos inspirar.

Portanto, qualquer semelhança entre o post de hoje e o blog cem manias não é mera coincidência.

A tarde de sábado foi então passada a apurar o doce, colocar o produto em frascos e finalmente decorar os potes. Essa é para mim a melhor parte: usei retalhos que tinha em casa, cordel ou ráfia para atar, e imprimi fotos em papel autocolante para servir de rótulo. Achei que não havia necessidade de escrever nada, nem sequer a data, uma vez que a produção foi modesta, ou seja, não vai durar muito...

Depois, e sempre ao jeito do cem manias, foi hora de montar as mesas. Vocês sabem que eu gosto de papéis. Acho que é um material que dá pano para mangas, não é caro, e sendo descartável, é prático e pouco trabalhoso.
Lembrei-me do Le pain quotidien, e da simplicidade com que serve os clientes em individuais de papel pardo.

UMA CASA QUE TRANSBORDA

2.10.13
Conheço a Danielle desde sempre. As nossas mães eram BFF*, embora não o soubessem, porque a expressão não existia na época. Mas sentiam-no.
E as nossas avós, vizinhas: o portão do jardim da casa de uma, ficava em frente ao portão do jardim da casa da outra.
Uma amizade de três gerações, portanto.

A casa da Danielle é grande em tudo. Abundante em espaço, generosidade e em amor. Em filhos também. Sete ao todo, alguns do coração.
Quem conhece bem a Danielle, identifica a sua personalidade enérgica em cada canto da casa: um quê de exuberância e inconformismo, mesclado a grandes doses de se dar aos outros. 

É uma casa muito habitada e de portas abertas, em todos os sentidos. Sem fronteiras entre os espaços, nem conceitos pré definidos. 
O verbo que me ocorre é transbordar.
Aqui tudo se confunde: a arte entra na cozinha, as frutas e legumes estendem-se para a sala, a sala espalha-se lá para fora em bonitas e coloridas redes.

TECIDOS COM VIDA

25.9.13
Provavelmente é um velho conhecido vosso, mas o fato é que só há alguns dias, ao entrar numa loja de tecidos para conferir as novidades, é que me chamou a atenção: o tecido digitalizado.
No fundo, é uma imagem ou foto impressa digitalmente num suporte, que resulta num desenho bastante realista e tridimensional.

Pensando bem, já vi em decoração a técnica da digitalização aplicada em diversos materiais e elementos, como azulejos, mosaicos, porcelanas, almofadas, painéis de parede, etecetera, mas não pensei que se pudesse comprar vulgarmente a metro, tecidos com este género de estampa.

A proximidade do aniversário de uma cunhada foi a desculpa que eu precisei para me encantar com a combinação do azul turquesa + elementos vintage sobre um fundo de madeira trompe l´oeil, e testar a minha habilidade na confeção de individuais bem humorados para as refeições do dia a dia.

Já vos devo ter dito que adoro individuais, mais até do que toalhas. Principalmente quando a mesa é bonita e não merece ficar escondida.

UM QUARTO A 6000 KM DE DISTÂNCIA

20.9.13
Há quem tenha uma segunda casa para passar férias. Há quem prefira um resort.
Eu tenho a sorte de ter um quarto. A 6.000 km de distância, na casa do meu pai. É melhor que qualquer hotel 5 estrelas, não só porque durante uns tempos volto a ser mais filha e menos mãe, mas ainda porque sou mimada com os quitutes da (nossa) Jesus.

O quarto nem sempre teve o aspeto que se vê hoje. Há alguns anos, a cama de dimensões exageradas, era um móvel planeado para o espaço, com mesas de cabeceira incluídas (muito anos 80), uma cama extra que saía de baixo, e um armador de rede para caber mais um. A explicação é simples: nós chegávamos lá com um filho, depois com dois e a seguir com três, e o quarto esticava e às tantas transformava-se num verdadeiro kibutz.

Até que o meu pai fez umas reformas, arranjou um quarto para as netas, outro para os rapazes, e felizmente uma oportuna praga do bicho da madeira comeu a minha mega cama dos eighties. Pude finalmente arrumar o quarto do meu jeito!

E fi-lo completamente diferente do quarto que tenho em minha própria casa: eu que convivo TÃO BEM com a cor, conservei as paredes brancas, arranjei moveis rústico e optei por acessórios feitos com materiais da terra.   

COSTUME DA RUA VAI A CASA

12.9.13
Hoje, contrariando o ditado tantas vezes repetido pelos nossos pais quando somos crianças, inauguro oficialmente a rubrica "Por aí".
Já há algum tempo que tenho vontade de postar ideias vistas em locais públicos, e que com uma certa adaptação podem perfeitamente passar para as nossas casas. É questão de se manter a mente aberta, e sobretudo não partir do princípio de que se foi feito num restaurante ou loja, é porque é muito arrojado, pouco funcional ou pode tornar-se cansativo.
A rua é uma grande fonte de inspiração, e observar a criatividade dos outros, ajuda a desenvolver a nossa própria imaginação.

Nos casos seguintes, que fotografei em Berlim, a utilização de materiais existentes, conferindo-lhes uma nova função, resultou numa decoração inteligente e deu uma graça a mais aos espaços.

Abaixo, os tonéis de ferro chamam a atenção pela cor e tamanho XL e marcam a entrada do restaurante. Mas existem barris mais pequenos que encaixam na boa lá em casa. Com uma madeira em cima, transforma-se em mesa, e se acrescentarmos um coxim, está feito o banco. 

Os ultra na moda caixotes de feira, adornam aqui a fachada de um restaurante italiano. A singularidade fica por conta da ardósia, onde se publicita as delícias do dia ( penso eu. Alemãs de plantão, favor confirmar ). A ideia pode facilmente ser transportada para a nossa cozinha.
E por último, engradados de plástico sobrepostos a várias alturas e umas madeiras encaixadas, foi o quanto bastou para compor a esplanada do Café Flamingo. Consigo perfeitamente ver estes engradados como mesa de cabeceira ou de apoio numa casa descontraída, ou como moveis de exterior na varanda.
Basta despirmo-nos de preconceitos e pensarmos fora da caixa.

TAG: 11 COISAS

9.9.13
 
A Pri,do Blog Costuramor,lembrou-se de mim para participar da Tag : 11 coisas,que funciona da seguinte maneira:
1- Dizer 11 coisas aleatórias sobre mim
2- Responder às 11 perguntas elaboradas por quem me indicou
3- Compor 11 novas perguntas e indicar outros 11 blogs
Confesso que o convite da Pri apanhou-me de surpresa e precisei de algum tempo para refletir,mas decidi participar.Afinal,quem não gosta de saber um pouco mais sobre a pessoa que está por trás do blog que visitam.
Deixo-vos então com algumas curiosidades que me caracterizam,as respostas às perguntas da Pri,e com as minhas 11 novas questões.
 
 
1- Pratico corrida,natação ou ginásio todos os dias,e não concebo passar um dia sem fazer exercício.


2- Há mais de 4 anos que uso a bicicleta nas minhas deslocações diárias.Com a bici descobri uma mobilidade incrível e a liberdade de parar onde e quando quero.


3- Estudei sempre em língua francesa,exceto nos 5 anos de faculdade.Portanto adoro a cultura francófona,mas não é por isso que o blog se chama L´Avion Rose.Essa explicação fica para outra vez...


4- Infelizmente detesto fruta e só consigo comer as mais sem graça: maçã e banana.


5- Às sextas feiras,depois do trabalho raramente venho direta para casa:gosto de passear sozinha pela cidade,a pé ou de bicla,e descobrir locais e lojas alternativas.Ou seja,ser turista na minha própria cidade.


6- Não gosto de refrigerantes.Mas aceito uma Coca Cola estupidamente gelada,da qual saboreio somente os 3 primeiros golos.


7- Quando na rua,estou sempre de nariz no ar,a olhar para os prédios antigos e se for de noite,a espreitar as luzes das casas dos outros.


8- Como sou filha de Brasileiros mas nasci e sempre morei em Portugal,falo perfeitamente o português com os dois sotaques,sem os misturar (nada do estilo Roberto Leal).Troco automaticamente consoante o meu interlocutor seja Português ou Brasileiro.E se ralho com os meus filhos,é sempre em "Brasileiro":torna-se mais teatral e garanto-vos que o efeito é maior.Testado e comprovado.


9- Adoro a estética e a música dos anos 50 e queria ter nascido antes para ser  uma jovem naquela época. De preferência nos EUA.E já agora dentro do filme Grease.


10- Não consigo evitar de comprar botões e guardanapos de papel, e gosto de manequins de costura.Tenho-os em vários tamanhos mas falta-me um em tamanho natural. 


11- Um dos meus maiores prazeres é sair de casa cedo quando a cidade ainda está a acordar.






1-Como surgiu a ideia de criar seu blog ?
Lia imensos blogs de decoração sem ser seguidora de nenhum.Mas cansei-me de ver tantas vezes imagens repetidas,tiradas dos blogs e dos pinterests uns dos outros e então achei que poderia fazer um,só com fotos originais.Não seria tão denso em quantidade de posts,nem apresentaria casas e ideias sensacionais, mas pelo menos as imagens são inéditas,e as inspirações vêm da vida real.


2-Qual arteirice te deixou mais orgulhosa?
Gostei imenso de como resultou o banco que encontrei na rua. Principalmente porque não tinha nada planeado para ele e as coisas surgiram naturalmente.


3-Entre os blogs que você lê,qual o seu preferido?
Eu gosto de todos aqueles dos quais sou seguidora,mas há quatro que acho top, pelo conteúdo e pela forma leve e envolvente como escrevem.Gostaria de ter a capacidade de me expressar destas meninas,são eles:Costuramor, Forma:Plural, Dandolinhas e quero ser Vintage!


4-Que outro nome pensou em adotar no seu blog e desistiu?
Pensei em chamar o blog de "Barão de Studart 1080",por ser a morada da minha avó materna,uma casa linda,sempre de portas abertas e com uma escadaria central em madeira de jacanrandá,sensacional.Como o blog fala essencialmente de arquitetura e deco,aquela casa seria uma ilustre representante.


5-O que você faz quando se sente pouco inspirada para criar?
Eu acho que nunca me falta a inspiração.O que acontece é que por vezes estou sem tempo ou cansada e então a preguiça para começar algum projeto fala mais alto.


6-A sua família ou amigos acompanham o seu blog?o que eles acham dele?
A minha família não acompanha regularmente.Na verdade eu aviso-os quando posto alguma coisa que penso que eles poderão gostar de ler.Quanto aos amigos,nunca lhes disse que tenho um blog,portanto não,não acessam.Pelo menos que eu saiba! 


7-Quando você começou o seu blog,pensou em desistir por "falar sozinha" por um tempo?
Felizmente na minha inocência,eu nem sequer tinha noção que falava sozinha.Acho que porque quando comecei o blog,de alguma forma eu tinha claro na minha cabeça que o que eu queria era organizar as minhas fotos e as minhas ideias numa espécie de arquivo vivo.Portanto isto era de mim para mim. Mas lembro de ficar contentíssima quando recebi o 1º comentário de uma pessoa que eu não conhecia,e de ter pensado "como é que ela chegou até aqui?"


8-Você já teve alguma experiência interessante através do blog,que acreditava que não poderia acontecer no mundo virtual?
Já,e a pessoa vai se reconhecer quando ler isto:nós só nos conhecemos virtualmente,essa pessoa teve uma enorme alegria de ordem familiar nos últimos dias,alegria essa que lhe causou uma enorme emoção,e ela dividiu essa experiência comigo de uma forma tão espontânea e tão forte,que quando eu li o comentário dela,consegui imaginá-la à minha frente,partilhei da sua felicidade e me senti abraçada.


9-Quando você não escreve,você fica com saudade do seu blog?
Quando eu não escrevo,eu venho vê-lo,verificar se está tudo certo,se dá para corrigir alguma coisa,limpar outras...Eu não posso estar sempre a escrever senão,canso as pessoas.


10-Qual era a sua impressão de ter um blog,antes de ter um?
Não tinha noção nenhuma de nada.Nem do trabalho que dá postar,nem das amizades que se fazem.Muito menos do alcance que um blog pode ter.


11-O blog mudou algo em sua vida?Conte para nós o quê.
Eu sempre fui observadora,e já gostava de fotografar tudo o que via à minha volta que pudesse ser o ponto de partida para o desenvolvimento de uma ideia interessante.O blog só veio exacerbar ainda mais essa faceta.Hoje é quase impossível eu sair sem a minha máquina fotográfica.Quero sempre registar para partilhar!


Eu vou indicar os seguintes blogs,para se assim o quiserem responder a 11 perguntas para nós. Indico-os porque acompanho-os há mais ou menos tempo,acho que quem está por trás de cada um deles são pessoas que me parecem interessantes mas que gostaria de conhecer melhor:


Koisas da minha casa..e não só







1.Que tipo de blogs prefere ler,genéricos ou mais específicos?
2.O fato de acompanhar bastantes blogs,já de alguma forma influenciou a sua opinião sobre este ou aquele assunto?ou a inspirou,fazendo-a sair da sua zona de conforto?
3.E quanto ao seu blog,o que pensa que quem a segue,espera de si?
4.qual o objeto preferido que tem na sua casa?
5.qual os dois adjetivos que usaria para caracterizar a sua casa?
6.Se com um toque de varinha mágica pudesse alterar/acrescentar alguma coisa em sua casa,o que seria?
7.Que coisa da sua infância a faz sentir saudades?
8.Teve algum ídolo de juventude? artista,cantor,daqueles que nos fazem colar posters no quarto?
9.Quando está muito chateada ou irritada com o mundo,o que faz para melhorar o seu humor?
10.Diz-se que os pequenos gestos fazem a diferença.Diga-nos 2 ou 3 atitudes concretas,que adota no seu dia a dia para colaborar com o meio ambiente.
11.O que a faz rir a bandeiras despegadas?

PARA ALEGRAR O VERÃO BELGA

3.9.13
Quem nunca comprou um tecido só por comprar? Porque achou as cores bonitas,o padrão engraçado.E sem um projeto em mente,inevitavelmente o pano vai parar numa caixa ou gaveta.

E quem é que não guarda as fitas que enfeitam os embrulhos dos presentes e as caixas de chocolates? Sem saber o que fazer delas,correndo o risco de encher ainda mais os armários,mas pode ser que um dia sirvam para adornar outras prendas.

E do nada aparece a inspiração.Sai-se pela casa à procura dos tecidos,das fitas,das linhas e dos restos de outros trabalhos. Com preguiça de ir à rua,ou impondo a si própria o desafio de elaborar algo,apenas com o que se tem à mão.Com uma dose de improviso e a torcer para no final, resultar numa peça pelo menos harmoniosa.

E com medidas que se pensa corretas, ensaiadas numa mesa imaginária, o pano cortado e as fitas aproveitadas, transformam-se num caminho de mesa (ou deveria dizer chemin?) que segue para alegrar o chuvoso verão Belga.

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