Não sei se estarei errada, mas chego à conclusão que certos móveis pensados para funções muito específicas, caminham para um futuro incerto. E a escrivaninha tradicional, clássica, deve fazer parte desse lote! Construídas com gavetas, compartimentos vários, escaninhos e por vezes até com nicho secreto, serviam para guardar documentos, materiais de escritório e instrumentos de escrita. Mas na era digital em que vivemos, quem se senta a uma secretária para ler ou escrever? Estas e outras considerações passaram-me pela cabeça quando resolvi dar cara nova à escrivaninha escura e pesada (no sentido literal do termo, diga-se) que durante décadas vi na casa dos pais do marido, servindo ora de mesa de trabalho do sogro, ora de secretária de estudos da cunhada. Um móvel ultrapassado, diria eu, que para agravar, ainda tinha uma estante para livros, colocada sobre a base, mas que descartei completamente. Se já não é fácil aligeirar visualmente uma escrivaninha e encaixa-la numa casa atual, que dizer de uma escrivaninha + um alçado! Ponderada a decisão de meter mãos à obra no móvel obsoleto, decidi usar materiais que já tinha vontade de experimentar há algum tempo, nomeadamente o papel para decoupage e o decor wax ambos comprados neste site, mas à venda em inúmeros outros locais online. Quando se trata de tornar mais atrativa uma peça austera, a troca de puxadores é, a meu ver, quase inevitável, assim como acho também muito simpático forrar as gavetas. No tampo da escrivaninha usei um tapete de feltro que confere mais conforto à superfície de trabalho e ainda faz vezes de mouse pad para quem usa o rato. Enfim, não foi um trabalho fácil, passou por muitas etapas e consumiu bastaaaante do meu tempo (e por vezes da minha paciência) mas entre a peça mofar para todo o sempre numa arrecadação ou ser de alguma utilidade lá em casa, fiquei com a segunda opção!
NATAL É QUANDO O HOMEM QUISER
Não foi um Natal tradicional, daqueles passados em casa da irmã, decoração da mesa bem planeada, menu organizado atempadamente, árvore montada a rigor, presentes providenciados para todos. Não. Desta vez escolhemos um alojamento airbnb, colocámos bacalhau e um peru na mala, presentes limitados a uma só pessoa (amigo secreto) de modo a evitar excesso de peso e desembarcámos numa Bruxelas fria e chuvosa para um Natal a 15 que acabou por ser celebrado com pompa e circunstância em dois dias, 23 e 24, pois afinal, não dizem que o Natal é quando o Homem quiser? Este talvez tenha sido o Natal que menos prometeu mas mais nos proporcionou, aquele no qual menos expectativas tínhamos (casa alugada, tempo péssimo) mas em que tudo se conjugou de forma extraordinária, intensa e diria mesmo, mágica, provando definitivamente que Natal é família, afeição, amizade. Houve de tudo um pouco: uma árvore linda e original deixada pela dona da casa, um Pai Natal poliglota que chegou a 23, as tentativas hilariantes de adivinhar quem era o nosso amigo secreto, as ceias, nos dois dias, protagonizadas na enorme ilha da cozinha, com a panela do bacalhau à mistura já que a casa não tinha mesa de jantar. Enfim, doses de imprevisibilidade e improvisações que sempre acabam por dar certo quando há vontade das pessoas em estarem juntas e fazerem o máximo com aquilo que têm ao seu alcance. Na minha mala carreguei uma surpresa para filhos e sobrinhos: as cartas que eles tinham escrito para os seus "eu do futuro" há 10 anos, na véspera de Natal de 2014. As cartas, escritas na adolescência e lidas em voz alta pelos seus autores, acabou por se transformar num momento bastante emotivo, que arrancou gargalhadas mas também algum desalento pelos sonhos e ilusões que não vieram a concretizar-se. Tenho memórias de bonitos Natais com a minha família mas este acabou por ser muito especial. 2024 foi um ano extraordinário para mim, com ótimas notícias e eventos muito felizes. Saio dele grata e de coração cheio e só espero que o próximo, que está a horas de chegar traga para todos os que por aqui passam saúde e realizações, sejam elas pequenas ou grandes, mas importantes para todos vós. Feliz 2025!