FLASHBACK

28.6.13
Por via de um tio,leitor voraz de quem costumo herdar os livros,veio-me parar às mãos "O mundo acabou" do jornalista Alberto Villas,em que este nos relata,através de curtos textos cheios de humor,marcas,pubs,jingles,bordões,objetos que fizeram parte da sociedade brasileira nos anos 60/70,acabando por desaparecer.

Enfim,não é inédita esta ideia de inventariar produtos e hábitos desaparecidos,e a leitura do livro,que iniciei sem grandes expectativas,acabou por se tornar hilária,uma vez que sendo eu filha,neta e bisneta de Brasileiros,reconheci alguns itens que existiam nas casas dos meus avós,para onde a minha mãe nos exportava nos 3 meses que duravam as férias escolares (thanks Moms!!).

Não sou saudosista nem nostálgica,penso que tudo tem seu tempo, todas as épocas são boas,e tudo na vida mais cedo,ou mais tarde,tem um fim.
Mas deu-me uma vontade imensa de ter a minha própria sessão de flashback,tentando recordar que coisas fizeram parte da minha infância  nos anos 70 (em Lisboa).

Pensei que iria ter uma lista infinita de recordações,mas nem por isso...

Era o tempo em que o meu pai ao domingo levava a família a almoçar fora,no restaurante Galeto (que ainda existe e está intacto!) e acompanhar a refeição com uma Spur cola fresquíssima era um luxo...

Uma vez por outra,a minha mãe dava-nos uma carcaça para levar para as aulas,e no bar do liceu,comprávamos um comacompão,o chocolate cujo nome dispensava qualquer explicação extra....

As Piratas faziam as delícias da criançada:cor de rosa,bastante rijas,e o sabor nem durava muito,mas nós adorávamos...

Pelo Natal ou nos anos,a minha avó tratava de arranjar um portador,e enviava-nos uma boneca Sindy ou Susi.
As roupinhas,fazíamos ou íamos comprá-las,usando o dinheiro da semanada,aos Armazéns do Chiado...
As bonecas de papel permitiam varias combinações desafiando a criatividade infantil,e eu que nunca fui fashion mas gostava de desenhar,por vezes arriscava as minhas próprias criações...

Os discos de vinil coloridos são inesquecíveis.Tinham lado A e B. Tocavam cantigas de roda,ou contavam histórias infantis...

Só existiam dois canais de televisão,com emissões que terminavam antes da meia noite.Entre outras séries,eu era fã de "casei com uma feiticeira" e a Samantha,que fazia mágicas com um simples torcer de nariz,era sem dúvida a minha heroína.Não perdia um episódio...

E havia as cartas.Eu escrevia,e muito.Para a família e para pen friends,que nunca chegava a conhecer.E esperava ansiosa as novidades na volta do correio.Os marcos de correio continuam a existir e são bem característicos das cidades portuguesas,mas por vezes pergunto-me se não estarão ainda ali,somente para nos lembrar que numa outra era,escrevia-se..... 


Quem desse lado partilha de algumas destas lembranças?     
Ou outras...


ALMOÇO DE DOMINGO

23.6.13
A base é uma salada de massa com rúcula,cebolinho,hortelã e miolo de amêndoa.
E como a família é constituída por Gregos e Troianos,outros ingredientes têm que vir à parte para ser adicionados (ou não) no prato.
Acompanha um belo sumo de melancia com hortelã,diretamente do vaso de plantas aromáticas e ervas,que foi inspiração da casa de muitas de vocês.
Depois de uma manhã de desporto,é tempo de almoço detox.
Lá fora,sempre que possível.Por mais que a varanda seja pequena,uns verdes e alguns adereços podem transformá-la num pequeno oásis.
Bom apetite e desfrute,do almoço e do domingo!

MINHA PRIMEIRA ALMOFADA

19.6.13
Nunca tinha ouvido falar em granny squares,afinal só o termo correto para aqueles quadradinhos em crochet que eu tanto gosto,e que depois de unidos se transformam em mantas e colchas tão coloridas.
Ao pesquisar os blogs dedicados a esta manualidade descobri que os grannys voltaram com tudo (ou se calhar nunca saíram de moda,eu que não estava atenta) num sem número de desenhos diferentes e originais.
E descobri também mais uma coisa sobre mim própria:que a paciência que tenho para ler gráficos de crochet é a mesma que dedico às receitas de culinária,ou seja,nenhuma.
Mesmo assim quis aventurar-me,e o jeito foi lançar mão dos vídeos do Youtube.Ipad nos joelhos,põe para a frente,volta para trás,faz pause.Isto N vezes.E em espanhol.
Objetivo:a primeira de algumas almofadas que quero fazer para o banco do terraço.

Aqui está o meu work in progress.Eu achava que se conseguia unir os grannys todos de uma só vez,ou seja sem nunca ter de cortar a linha e começar outro bloco.Mas cheguei à conclusão que isto não é possível.Estou certa?alguém sabe me responder?

Ter escolhido uma linha matizada também não foi a melhor opção.Penso que a confusão de cores,escondeu e desvalorizou o desenho do granny.Afinal a graça deste tipo de trabalho está na combinação e contraste das cores e não num degradê.
Na hora de cortar a almofada propriamente dita,mais indecisões: como fazer a abertura? Nunca cosi um  fecho éclair,e sou fanática por botões mas não sei casear. Lembrei-me que tinha em casa uma almofada que fechava com velcro,e apesar de não fazer umas costas bonitas,o melhor era uma principiante não arriscar muito mais. 
E aqui está ela,apresentada numa manobra de marketing:no Jardim da Estrela,para desviar a vossa atenção para o cenário,e focarem-se menos no objeto (obrigada pato por estares no local certo à hora certa).Afinal há desse lado crocheteiras de mão cheia,que eu sei...e para mim esta é só uma primeira experiência.
Não fiquei completamente satisfeita com o resultado.Queria ter conseguido um acabamento mais perfeito,mas vou continuar e tentar outros pontos e técnicas.
Blogs da especialidade,ME AGUARDEM !!
Os pontinhos escuros que aparecem no tecido verde,foi do contato com o banco. 8 horas da manhã,as regas a trabalhar,uma muito ligeira chuvinha  caía também.

18 ANOS DA BEA

11.6.13
Foi difícil convencê-la a comemorar.
Ela tinha os seus argumentos:final de ano letivo,exames nacionais à porta,mente focada no seu objetivo de partir em Agosto para o Texas,onde a espera uma full scholarship de atleta.

Acontece que mãe não desiste facilmente.Afinal é a maioridade e se tudo correr como planeia,é também o início de uma nova e tão sonhada etapa em sua vida.Além do mais a data caía num sábado,excelente dia para se organizar um almoço e chamar a família.

Hesitante,ela finalmente concordou e a minha cabeça começou a fervilhar.
Eu só tinha 2 premissas:iria usar tudo o que tivesse em casa e a comida viria de fora,afinal vocês conhecem os meus fracos dotes para a cozinha...
Resolvido atempadamente o assunto "catering",que para muitos é simples,mas para mim,revela-se um bicho papão,tudo o resto foi se desenhando virtualmente na minha cabeça uns dias antes,mas concretizado mesmo,na prática,na véspera e manhã do próprio dia.
É claro que há certas coisas com as quais conto e sei que funcionam numa comemoração lá em casa:esvazio a sala e entram em cena mesas e cadeiras desdobráveis que mantenho na arrecadação,e rezo para a meteorologia ajudar e eu poder estender a festa para o terraço:



O terraço que é a salvação....
Eu tenho esta característica de nunca ter as coisas absolutamente decididas e arrumadas com antecedência.Pois parece que se ponho mãos à obra muito tempo antes,tudo se arrasta e se torna cansativo.É esquisito mas eu sou assim.Gosto do imprevisto e do improviso e geralmente resulta.Gosto de tirar tudo dos armários e decidir na hora.E ninguém pode ajudar,senão confunde.
Portanto confirmadas as 24 pessoas, arranjei lugares sentados para todos,e para montar as 3 mesas usei toalhas, serviços, talheres, copos e guardanapos diferentes.Quando não se tem tudo igualzinho,o melhor é assumir o estilo tudo junto e misturado:



Zona de chill out no terraço.Notem que chuviscou e as nuvens estão negras,mas apesar do tempo não ter aberto,a temperatura esteve amena e deu para conviver ao ar livre.No próximo verão,espero ter a parede do fundo coberta por hera e bunganvilia.
O banco está bastante feio,afinal são 17 anos a apanhar chuva e sol.Costumo tapá-lo com cobertas e almofadas,para disfarçar a madeira seca.A vantagem é que vai mudando de visual.

Deixei umas mantinhas espalhadas,caso o tempo não colaborasse....
Com a ajuda do Corel Draw e do Picmonkey,fiz uns menus simples.
Só mesmo para dar uma graça e um ar mais elaborado ao almoço.
E como todos estavam à espera,tinha que haver numa festa da Bea, algum pormenor alusivo ao tênis, que é o desporto que ela vive e respira desde os 6 anos....Encontrei na loja de doces estas mini bolas que são chicletes.
A aniversariante.Feliz.Em foto do seu instagram  #sweeteighteen

CLARICE EM LISBOA

5.6.13
Gosto de exposições biográficas.
Ver,tocar,apreciar objetos que pertenceram a pessoas que admiramos pela sua vida ou obra,sempre me atraiu.
Não sei se é pelo gosto mais do que evidente que tenho por objetos usados,manipulados,que trazem e contam histórias,ou se pelo fato de sentir que pessoas ilustres ficam mais próximas de nós,se retratadas através dos seus pertences. Afinal tinham  (têm) família, frustrações, angústias, alegrias e preocupações do dia a dia. Como todos nós. Ou seja, são, antes de mais, pessoas comuns.

Clarice Lispector está em evidência na Fundação Gulbenkian. Cartas, fotos, frases, manuscritos, são mostrados ao público numa exposição que achei leve, suave, bonita e intimista.

Apesar da luz difusa e dos tons neutros,ou talvez por isso mesmo,senti-me bem nos ambientes,quase como se estivesse na casa da escritora.Surpreendeu-me esta sala que remete a um arquivo.Um tanto ou quanto soturno,misteriosa,com gavetas à espera que alguém as abra.Elementos repetidos à exaustão.



A sala seguinte também foi para mim,inesperada:apenas uma tela onde passa a única entrevista que Clarice deu a uma televisão,um sofá,o pormenor do tapete,uma máquina de escrever e mais uma vez todo o dramatismo da iluminação.Dá vontade de ficar,e de ouvi-la,pois aqui,ela conversa com a visita.

Soturno? concordo. Opressivo? talvez. Monocromático? sem dúvida. Diria até mais:  minimalista e algo claustrofóbico. Mas bonito na simplicidade.
E eu que me identifico com cores fortes,luz natural abundante, espaços exageradamente escancarados, experimentei aqui uma estranha sensação de tranquilidade.E de proximidade.
É de se tirar o chapéu quando uma exposição vai mais além do que uma simples mostra,e consegue transmitir através de um cenário, uma atmosfera enigmática, caracterizando tão bem a personalidade da homenageada. Afinal, Clarice Lispector não é fácil de se entender.


HOJE,O RESTO DA CASA

1.6.13
Quem acompanha o blog já conheceu a cozinha.Agora,para os mais curiosos,vem o resto da casa.
Não fiquei contente com a resolução gráfica das plantas abaixo,mas ainda não arranjei maneira de as apresentar com uma imagem mais clara e agradável,vou tentar melhorar este ponto.
De qualquer forma,e mesmo sem grande qualidade,penso que ver a planta do andar,sempre torna a explicação das obras mais elucidativa.

Grosso modo,as duas grandes transformações,além da cozinha,foi a construção de uma nova casa de banho no espaço de uma despensa e a inversão da única casa de banho existente para o quarto,de modo a fazer uma suite.O resto,e se fizerem o jogo das 7 diferenças entre uma planta e outra,vão se aperceber que foram só mudanças pontuais:eliminação ou troca de local de algumas portas;outras que abriam para fora e trocaram de sentido.Enfim,coisas banais,mas que melhoram drasticamente a vivência diária.
Comecemos pela entrada:
E já que vimos acima a porta da única casa de banho que havia na casa,entrem,e vejam como ela estava e no que se transformou:
O piso é um patchwork de mosaicos hidráulicos o que além de original revelou-se uma boa opção por 2 razões:Como comprei literalmente os restos que estavam na loja,não tive que encomendar e esperar semanas que chegasse o material.E justamente porque eram sobras de outras encomendas,o fornecedor,para se ver livre das caixas de 1m2 de vários padrões que dificilmente iriam servir para algum trabalho,fez-me um preço super especial.Mais complicado,foi conjugar os desenhos e as cores,virtualmente,no meio da loja,sem poder abrir tudo e espalhar à vontade no chão.Mas pensando bem,essa é a parte em que a criatividade é chamada e a imaginação testada.
Acontece que a família que morou durante 5 décadas nesta casa,utilizava a assoalhada de trás como sala.Se observarem lá em cima,na planta do antes,existia até uma passagem deste cómodo para a marquise e consecutivamente para a cozinha,com certeza para facilitar o serviço na hora das refeições.Portanto construíram aí,uma lareira,de gosto bastante duvidoso e que francamente,penso que apesar de ter uma fuga,nunca conseguiu funcionar.
Como no meu projeto,esta sala,virou a suite da casa,surgiu a questão:a lareira fake,fica ou desaparece?Garanto-vos que foi motivo de polémica.Mas ficou.Quem mora nesta casa hoje,tem uma lareira no quarto.Não funciona,mas é um sonho de consumo para muitos...
E o que a família utilizava como quartos,transformou-se em sala de jantar:
E sala de estar.Sem grande alardes,pois estava tudo lá,só à espera de ser valorizado:o pé direito com mais de 3 metros,a vistosa sanca do teto,o rodapé alto,o soalho,as portas em casquinha.
Outro dos quartos existentes na casa:
E finalmente a casa de banho que foi feita de raiz,no local da antiga despensa,com a janela que dá para a cozinha,e que tal como a lareira também gerou discussão durante a obra.Porque a verdade é que uma pessoa com mais de 1,60 e pouco de altura,não consegue  ver a sua cara no espelho.Mas pensando pela positiva,de manhã,certos dias,isso até que é uma grande vantagem.
Zoom in em alguns pormenores...


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