FELIZ PÁSCOA

25.3.16
Foi com o pensamento nela que preparei tudo. A filha mais velha que esta semana assistiu de perto aos atentados em Bruxelas. Viu e sentiu a barbárie tão ali ao lado. Este ano a mesa é para ela. Felizmente ela vai poder estar aqui com a família, será abraçada, acarinhada, mimada. Reunidos, celebraremos mais do que nunca a alegria, a ressurreição e a vida. Mas quantos não o poderão fazer. Para eles, vão a minha homenagem e a minha tristeza.
Aos que por aqui passam, desejo uma Páscoa com beijos, abraços, muitos risos e fraternidade.

TERRÁRIOS

20.3.16
O mote para concretizar este item da minha interminável to do list, foi o facto de ter "herdado" de um amigo o que penso ser um antigo vidro de farmácia, já sem tampa e com o bocal lascado. Era o que eu precisava para montar um pequeno (pequeníssimo) terrário, baseado no que tenho lido por aí: uma primeira camada de pedras para drenar, outra de terra, plantas resistentes. Para tratar deste oásis miniatura não precisa ter o dedo verde (incluo-me nesta categoria) e uma rega ou borrifadela de água a cada semana ou dez dias, já será o suficiente. Assim espero!
Esta é uma excelente ideia para quem tem pouco espaço em casa, mas gosta de verde. São pequenos, muito decorativos e trazem um ar fresco para o ambiente. E quando montado num simples pote de vidro, daqueles que lotam os armários lá de casa, pode transformar-se numa ótima sugestão de presente para as amigas. Vários, agrupados e de alturas diversas, também formam bonitos e económicos centros de mesa numa festa. Depois de ter feito o primeiro, entusiasmei-me e montei o segundo num bule de chá. A ideia é mesmo essa, sair cultivando canteiros nos recipientes de vidro mais invulgares e extravagantes que encontrar.

TRAZER A PRIMAVERA PARA DENTRO DE CASA

13.3.16
Noto que a Primavera está a chegar quando entro no ginásio e este rebenta pelas costuras. Quando na aula de localizada, o meu lugar cativo foi descaradamente ocupado e a afluência é tanta que não consigo visualizar a minha pessoa no espelho. São elas e eles, cheios de boas intenções, entusiasmados com o bom tempo, focados na operação praia 2016. Mas voltando ao tema: as temperaturas sobem, o céu está absurdamente azul e reaparece aquela luz linda, típica de Lisboa. Só dá vontade de apressar o calendário e trazer a Primavera para dentro de casa. E isto é possível e até acessível, basta soltarmos a criatividade e usarmos aquilo que já temos em casa. Tirar dos armários aqueles objetos que geralmente estão guardados para ocasiões especiais, fazer um mix de estampas na roupa de cama e na mesa, dar usos diferenciados a peças soltas e, claro, florir, florir muito a casa. E decorar, com pássaros, com frutas, com bom gosto, harmonia e cor. Pequenas alterações fazem milagres e deixam os nossos olhos e a nossa alma mais alegres. Lá em casa, já está tudo preparado para receber a estação mais inspiradora do ano!

No meu quarto, nunca tive colcha definitiva. Sempre usei diferentes capas de edredons no inverno e mantas leves de toda a sorte no verão, e desta forma, quando é feita a cama de lavado, o ambiente renova-se. No momento, ainda não está quente o suficiente para prescindir do edredon, então, para variar, uso-o sem capa e fiz diversas fronhas com mistura de padrões para ir mudando o visual. Não esquecer de um arranjo singelo na mesinha lateral.

O RETRATO DE MINHA MÃE

4.3.16
A blogosfera tem destas surpresas: estamos descontraídos visitando os blogs que gostamos e de repente caímos num post que fala de alguma coisa que ficou esquecida muito lá atrás, na nossa infância. As memórias jorram então em catadupa e descobrimos que alguém que nunca conhecemos pessoalmente, mas com quem nos identificamos, sem querer, dá-nos as peças que faltavam para completar um puzzle inacabado. Diana é oftalmologista, "oftalma" como ela gosta de se apresentar, "porque a palavra tem alma no fim". É extrovertida, excêntrica, sem medo de se expor. Neste texto ela conta os sentimentos que a movem no momento, a mudança de casa e o que verdadeiramente importa para ela nesta fase da vida. E fala de quadros. E de pintores. De Chico da Silva e de Chabloz. E do Ceará, nordeste do Brasil. Acontece que meus pais são do Ceará, temos dois Chico da Silva na parede e Chabloz frequentava a nossa casa em Lisboa. E pintou o retrato de minha mãe, a recordação mais viva que temos dela, hoje. Era o início dos anos 70, eu vinha da escola e via minha mãe imóvel, em pose. A sala de casa imersa na fumaça dos cigarros de Chabloz, o cavalete, o desenho na tela que, dia após dia, ia tomando forma, o cheiro das tintas a óleo que o pintor combinava na paleta. Tudo me encantava. E tudo é autêntico no quadro, o penteado armado, a serenidade, o vestido, a cortina branca atrás. Mas também tem ilusão: o cadeirão verde não é na verdade um cadeirão verde mas uma cadeira de madeira com um pano verde em cima, e a barriga da minha mãe não é uma barriga oca e sim uma barriga com uma criança dentro. Que ela não sabia que estava ali mas que Chabloz assegurava que sim, baseado no que os seus olhos, habituados a observar as formas e as curvas do corpo humano, captavam. A peça que faltava no puzzle, era os dois quadros de Chico da Silva que assombraram a minha infância e de minhas irmãs e que nos perturbam até hoje. São quadros naif que representam bichos fantásticos, figuras ameaçadoras saídas da imaginação do autor, que sempre vimos em casa, e cuja história de como apareceram por lá perdeu-se no tempo. Afinal, soube pela Diana, Chico era protegido de Chabloz e de repente, tudo fez sentido. Foi Chabloz quem deixou as telas com o meu pai, provavelmente para que este encontrasse comprador. As telas foram enroladas, jogadas num armário e ali ficaram preteridas, até acabarem, anos mais tarde, nas paredes da casa de praia, onde permanecem, até hoje. No corredor, sítio de passagem, local secundário, porque são quadros que continuam a nos incomodar. Seria tão mais fácil retirá-los da parede e voltar a esquecê-los no armário. Mas não, eles estão lá, e agora percebo que talvez seja para nos remeter à nossa infância, à sala de casa transformada em atelier de artista, ao olhar sereno de minha mãe, à expetativa da chegada de uma irmã, às saudades. É assim a arte, causadora de tantas emoções que vão muito para além do que a obra representa ou os olhos possam enxergar.



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