MAIS DO MESMO...

26.2.13
...apartamento.
Lembram-se desta cozinha ? pois é,achei que o resto da casa também merecia ser mostrado.Pela sua configuração nada comum nos andares Lisboetas do séc.xx e por estar inserido num imóvel classificado pelo Município,projeto do arqtº de origem suiça naturalizado português,Ernesto Korrodi.

Construído em 1910/11,é um prédio de gaveto,o que faz com que o andar,adaptando-se à geometria do terreno,vá estreitando para o logradouro.
O que resulta numa planta tipo "ferro de engomar".Com exceção das 3 assoalhadas da frente,perfeitamente regulares,os outros cómodos seguem o ângulo definido pelo corredor,dando origem a espaços bastante originais pela sua geometria incomum.Gosto disto.
Abaixo,o antes e depois da casa de banho.Algumas fotos não estão com grande qualidade pois foram tiradas com o telemóvel,mas para ampliar,basta clicar.
A sala tal como estava,e depois das obras de recuperação.
Um dos quartos da frente.A iluminação ficou nas paredes para não se mexer nos tetos trabalhados.
Vista do corredor angular que termina na cozinha.
Todas as portas do andar foram decapadas.O que consiste na remoção das camadas antigas de pintura para deixar a madeira à vista.
A remoção da pintura é um trabalho caro,mas estéticamente compensa muito e valoriza a porta,uma vez que assume os nós,os veios e a cor da madeira (de casquinha neste caso).Para manutenção,apenas cera.
Aqui a única foto que tenho em que se vê uma porta no seu estado original.Essa mesma porta aparece 3 imagens acima,numa vista contrária,ao fundo do corredor angular.
E para terminar,mais uma vista da sala,com o  rodapé trabalhado de 50cm de altura,vão de porta dupla com bandeira, e arranque do corredor,espinha dorsal do andar.


BORDADOS COM HISTÓRIA

20.2.13
Lembro-me da minha mãe ter em casa inúmeras peças de linho, bordadas por mãos prendadas, de lençóis a toalhas de mesa, panos de prato, naperons e camisolas de dormir, que tratava com muito carinho. Algumas ainda existem, outras gastaram-se com o uso.
Antigamente, enxoval era coisa séria, e tudo era idealizado pela minha avó materna, que adorava ocupar-se com trabalhos manuais e era fascinada por armarinhos e retroseiros.
Ela comprava tecidos de linho e algodão importados, trazia de fora ricas rendas, inspirava-se em revistas da especialidade e tinha em casa uma bordadeira "fixa", a quem fornecia os "riscos" depois de decidir os desenhos e coordenar as cores dos tecidos e das linhas. A seguir, passava as peças para a costureira que tratava de cortar e montar os conjuntos.

Deste seu encanto pelos bordados, ficou comigo um caderno datado de 1959, de um curso ministrado pela Singer, no qual, página após página, a minha avó colou um exemplo de cada tipo de bordado e ponto que aprendeu, assim como a respectiva denomunação.


Há cerca de 3,4 anos, uma das minhas irmãs entregou-me uma pasta com os riscos dos bordados. Papéis de seda e vegetais, dobrados e amarelecidos pelo tempo, com desenhos minuciosamente decalcados pela nossa avó, aqui e ali anotações.Não sabia o que fazer com aquilo.

Guardei-os numa gaveta, até achar que mereciam melhor sorte: as paredes do meu quarto e do gabinete de trabalho.
           

Depois de ter casado as três filhas, e assim ter chegado ao fim a "desculpa" para os enxovais de casamento, vieram os netos,e ela dedicou-se aos conjuntos de lençóis para alcofas e berços e roupinhas para os bébés.
Mais tarde, os bisnetos, aqueles que nasceram até 1998, ano em que a minha avó nos deixou, ainda foram contemplados com estes verdadeiros tesouros.
São para crianças os exemplos que vêm acima, riscos e moldes de babadouros, lençóis e "mandriões".

O quadro grande,que está sobre a cama, na prática traduz-se por isto: um conjunto de lençol e babadouro, datado de 1973,de cor forte,ao gosto dos anos 70. Bem fashion esta minha avó!
                     

Um agradecimento especial à minha tia Lúcia, a quem sempre recorro quando me falha a memória.

  

UMA JARRA DE FLORES,JARDIM EFÉMERO

12.2.13
Para quem mora em países onde existe inverno,não há a mais pequena dúvida:ter um vaso de flores por perto,alegra instantaneamente o ambiente e é um bom remédio para esquecer que lá fora faz frio e os dias cinzentos parecem não ter fim.

A Teresa,é a minha fornecedora oficial desse pequeno e efémero oásis.
Encontro-a aos sábados de manhã,sempre bem disposta,no jardim da Parada,em Campo de Ourique,onde orgulhosamente monta a sua banca há mais de 30 anos.
No bairro,ela é uma referencia.Trata as freguesas por "menina" e vai aconselhando:com ou sem ramagem;leve as que estão em botão que duram mais;não se esqueça de pôr um bocadinho de açúcar na água; vá cortando o pé..... 

Manhã fria de Fevereiro, mas com o sol a despontar


Para acomodar as flores da Teresa,há muito que aposentei as jarras tradicionais.Prefiro lançar mão do que os outros descartam.
Fica uma dica: quando entrarem em casas devolutas,mas onde morou alguma família por décadas,abram sempre os armários da cozinha(também válido para os armários da avó,sogra,mãe,tia solteirona e afins).É lá que vão encontrar peças desirmanadas,descoloridas,craqueladas,com bocados partidos,que por aparentemente não ter serventia, as pessoas deixam para trás.
O bule pequenino tem a particularidade de ter a asa de lado.Não me parece funcional mas é lindo.
Mais moderna.Anos 70 talvez.Leiteira ou jarro de água,não sei.
Quando o ramo é grande vai para o pote de farinha,café,grão,ou açucar assucar
Two more:bules sem tampa,órfãos do resto do serviço.Desenho típico da Vista Alegre dos anos 50. 

CASAS DA VIDA REAL

8.2.13
Hoje inauguramos oficialmente a rubrica "Casas da vida real", o que me dá uma grande safistação, pois é uma das coisas que mais gosto de fazer: entrar em casas normais, de pessoas comuns, que conseguem fazer dos seus lares, ambientes diferentes, muito pessoais e que inspiram.

E começamos da maneira mais chique: Na casa do Philippe e da Martine, junto ao célebre Moulin Rouge, em Paris.

As fotos foram-me enviadas pela Léa e Laura, respectivamente neta do casal, e amiga da neta, tiradas com o telemóvel, sem a menor das pretensões, apenas porque acharam que eu "poderia gostar de ver". De fato não gostei. ADOREI.

O apartamento é liiindo do começo ao fim, com pormenores construtivos e decorativos que dispensam comentários.
A cereja no topo do bolo? os móveis do casal.

Portanto aqui ficam as imagens, que tanto mais valor têm pelo genuíno: sem produção e sem retoques.

Definitivamente não é uma casa asséptica de revista.
Mas É uma casa de revista. 













 Nos correspondantes à Paris!!

Un grand merci à Philippe et Martine pour la permission de  publier les images de votre bel appart!

ESTAVA ASSIM, MAS FICOU ASSIM

6.2.13
Apesar de eu não me considerar cozinheira nem nas horas vagas,a cozinha é um dos espaços em que me dá mais prazer intervir.

A que vos trago hoje tem uma configuração que não é nada comum:

E encontrava-se neste estado: piso abatido e coberto por linóleo,armários destruídos,algumas paredes com estrutura de madeira,típica de um prédio de 1910, como é o caso, irrecuperáveis por anos de ação da água.
Mas a essência estava lá: mais de 3 metros de pé direito ,chaminé em pedra,azulejos de inícios do séc.XX.


Esta parede do lava loiças confina com a casa de banho, o seu interior em madeira estava completamente apodrecido. Teve que ser demolida e refeita. Ao fundo pequena janela que dá para o saguão interior do prédio.

Foi só preciso manter tudo o que pudesse ser recuperado e adicionar alguns elementos -leia-se móveis- novos para que o espaço ganhasse vida novamente.




única parede em que se conseguiu manter os azulejos. Reparem que todas as tomadas estão no rodapé. À direita, painel de aquecimento: um mal necessário!
Infelizmente, acabo quase sempre por não ver os espaços adaptados à família que o vai habitar, nem com os detalhes que vão fazer a diferença.
As casas são recuperadas para vender ou alugar -neste caso está arrendada- e só muito raramente acontece de eu lá entrar com as pessoas a morar.O que é uma pena, pois um exercício interessante é descobrir como é que outros "ocupam" e personalizam um espaço pensado por nós.
Mas enfim as bases estão lançadas:elementos novos e neutros, para fazer sobressair o antigo.
E se não posso saber como a cozinha está hoje, não tenho dúvidas de como a adaptaria à vivência da minha família:uma bela mesa no centro,um louceiro na parede de azulejos, e quadros, grandes e com cor, acima dos azulejos,tirando partido e enfatizando ainda mais o pé direito generoso .
E um toque final: este candeeiro de pé que a Bárbara fotografou para nós numa loja em São Paulo-Brasil.



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