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ESTAR PRESENTE...

Tenho uma teoria muito própria sobre o Natal: que idade e número de presentes são grandezas inversamente proporcionais. Ou seja, quanto mais velhos ficamos, menos prendas recebemos! Mas até nisso a natureza é sábia tornando-nos mais desprendidos das coisas materiais à medida que os anos passam. Com a idade começamos a valorizar mais os momentos em si, os sentimentos e a importância de logo à noite estarmos presentes. Seja qual for a sua forma de festejar o Natal, e não há uma fórmula correta, cada um assimila e vive a quadra à sua maneira, tenho a certeza que reunião é a palavra mais importante. Reunião, que também é sinónimo de celebração e comemoração. Que à vossa mesa, daqui a umas horas, não faltem afetos, memórias e sonhos. Mas principalmente, que estejam todos...presentes.
Feliz Natal!
 

CENTRO DE MESA DE NATAL LÚDICO (e comestível)

O Natal chega a minha casa mais tarde do que na casa dos outros. Já se foi o tempo em que os filhos eram pequenos e eu enfeitava tudo mal Dezembro surgia. Eles ajudavam e adoravam todo o aparato de luzes e brilhos. Hoje em dia vou deixando para depois enquanto colho inspirações pelo comércio, exercito a criatividade e a verdade é que antes do dia 20 nada aparece montado. Quando eles eram crianças eu tinha também muitas decorações voltadas para o universo infantil e na maior parte das vezes, o Natal acabava por ter um cunho muito lúdico. Com o passar dos anos, com os pequenos já crescidos, até isso deixou de fazer sentido, só insisti mesmo foi em continuar a fugir do verde e vermelho da praxe e a investir no meu próprio colorido, pois essa é a minha natureza e tradições nunca foram o meu forte. Só que este ano, embora esteja a pensar fazer uma árvore e uma mesa rústicas, deu-me muita vontade de voltar a praticar o meu lado criança, que apesar da minha idade, preservo com muito orgulho e sem nenhum complexo: montei um centro de mesa em que as árvores são feitas de gomas, smarties fazem as vezes de bolas e estão colados com uma mistura de açúcar de pasteleiro e água, a montanha é um bolo de iogurte coberto de pasta de açúcar, os troncos misturam-se com frutos cristalizados e mashmellows e a neve não é mais do que coco ralado. Diverti-me a valer enquanto montava o cenário, iluminava a casinha, dispunha o personagem e procurava acessórios. E aqui fica a inspiração: para quem tem crianças em casa ou apenas preza o seu lado pueril tanto quanto eu!

E A PREMIADA É....

Muito obrigada pela vossa participação no sorteio. Recebi 16 mensagens muito bonitas de se ler, até de pessoas que até agora tinham passado por aqui silenciosamente. É por isso que eu digo que os sorteios dinamizam o blog, e é isso que mais gosto nessa coisa de "blogar": a interação! Saímos sempre daqui mais ricos com as palavras que lemos e a generosidade de quem dá algum do seu tempo para comentar.
Mas deixemo-nos de suspense e passemos de imediato ao X da questão:

Parabéns Carolina! Será para ti a bolsinha hiper colorida. Peço-te que não esqueças de me mandar a tua morada (lavionrosedeco@gmail.com)
Mais uma vez, obrigada pela adesão a esta brincadeira e às mensagens que SEMPRE me deixam de coração cheio!

6 ANOS...

E num piscar de olhos, mais um ano passou. Foi há 6 anos que resolvi fazer um blog of my own numa altura da minha vida em que estava com pouco trabalho e em que seguia vários sites que apenas postavam imagens tiradas daqui e dali, comentavam-nas e colocavam (ou não) os créditos. Eu então achei que era capaz de fazer um blog onde tudo fosse original. Não almejava ganhar dinheiro com isso, nem ter centenas de seguidores, e muito menos ainda imaginava o trabalho que dava querer ser original. Só queria inspirar as pessoas, sem contudo me dar conta de quão ambicioso isso poderia ser. Mas, quer saber? acho que de certa forma, consegui. A minha melhor recompensa é quando alguém vem aqui dizer que levou a ideia, que adaptou, melhorou, fez igual ou parecido. E sinto-me tão feliz também quando aprendo com os outros blogs. Na verdade acho até que o saldo é extremamente positivo para mim pois recebo bem mais do que aquilo que dou. E porque sou muito grata aos que por aqui passam, incentivam e encorajam e acho que um sorteio, além de marcar a data, ajuda a dinamizar e impulsiona a interação entre os leitores, deixo-vos com as imagens de uma Sew Together Bag, que confesso, não fiz sozinha e sim com a ajuda preciosa da minha prof de patchwork, Helen. Então, é o seguinte: basta ser seguidora, deixar abaixo um comentário até 7 de Dezembro próximo e torcer para que esta malinha multi funcional venha a ser sua! O resultado sairá dia 8.
E para quem sempre pergunta: o sorteio é válido para Portugal e o resto do mundo!





DE SECRETÁRIA.......A MESA DE COZINHA

Bem, digo eu que era uma secretária, ou pelo menos, usado como tal, já que o móvel foi encontrado na esquina de casa, e tirei essa conclusão pelos indícios que descobri nas gavetas: papéis rabiscados, canetas velhas, clips...A primeira ação a tomar foi mandar a mesa para o expurgo pois eram às centenas os buracos feitos por bicho da madeira e eu tive medo que eles ainda estivessem ativos. E a minha segunda decisão, arrependi-me a uma certa altura, mas como já não havia nada a fazer, assumi: vi-me livre do tampo de madeira. As razões que me levaram a arrancar o tampo original não eram de peso, diria mesmo que foram caprichos pessoais: não estava com paciência alguma para tapar mais buracos de térmitas e o móvel pesava toneladas de cada vez que precisava colocá-lo na bancada de trabalho. Como também já tinha em mente transformá-lo num móvel de cozinha, achei que um tampo em pedra seria mais apropriado. As restantes resoluções para a outrora secretária apareceram naturalmente: duas cores para lhe dar um ar mais jovial, gavetas forradas e parte das ferragens aproveitadas. As imagens que vão ver a seguir foram tiradas na copa lá de casa, enquanto não surge a cozinha que deve andar por aí só à espera de receber este móvel, e ilustram a forma como consigo visualizá-lo: encostado à parede servindo de apoio a uma cozinha farta, ou no meio do ambiente fazendo vezes de pequena mesa de refeições. No entretanto, está no canto da sala de casa, sim, aquele mesmo que já foi amplamente visto por aqui, onde costumam ficar em espera os móveis que cruzam o meu caminho.

BEADED LAMPSHADE

Desde que vi a luminária de missangas da Regina que não me saiu da cabeça a ideia de fazer uma parecida. Afinal, material havia em casa, e em abundância: um candeeiro já mais do que usado e a precisar de um up e caixas e caixas de missangas e contas que já estiveram a um passo de irem parar ao lixo. Quando as minhas filhas eram crianças "fundaram" em sociedade com os primos uma empresa de bijuterias, fabricavam toda a sorte de bujigangas que vendiam na escola às amigas. Desta fase empreendedora da vida delas sobraram aqui por casa milhares de miudezas dos mais diversos formatos, cores e tamanhos e de materiais distintos como madeira, vidro, plástico ou massa. Com calma e paciência, foi a oportunidade única de usar boa parte do acervo da extinta firma e ainda dar cara nova ao candeeiro já caído em descrédito. Só não me foi possível aproveitar o abajur antigo pois a sua estrutura não me permitia esticar os fios de modo a dispor as missangas. Mas de resto, o candeeiro em si, levou duas cores de tinta em spray (o amarelo para dar a ilusão de que a lâmpada está sempre acesa) e o velho cabo branco saiu para dar lugar a um mais atual, coberto em tecido, enquanto as contas foram enfiadas completamente ao acaso sem que eu ligasse a harmonia ou combinações. De brinde, vai, no final do post, um simplicíssimo tutorial para quem quiser se habilitar a montar um Beaded lampshade!

FESTA DE 18 ANOS EM CLIMA DE OUTONO

Por estes dias, a criança da casa completou 18 anos. Ele é um miúdo que apesar de gostar de conversar e conviver, não é muito dado a festas, principalmente se as luzes estiverem viradas na sua direção. Mas, maioridade é um marco na vida de qualquer pessoa e achei que a ocasião não poderia passar em branco. Pedi-lhe então que convidasse alguns amigos, chamei a família e esvaziei a sala de casa para conseguir lá fazer caber mesas que permitissem que todos jantassem sentados e em conforto. Rapidamente também cheguei à conclusão que uma decoração inspirada no Outono seria fácil de montar e teria o cariz masculino que pretendia. Nem todos os itens são meus: aluguei as mesas rústicas e as cadeiras, os copos e os guardanapos. Usei o serviço de pratos que foi prenda de casamento há quase 30 anos e dividi os vários modelos de talheres que tenho pelas 3 mesas. E o resto é, como se costuma dizer, fruta (e flores) da época, que nisso o Outono é pródigo e generoso: abóboras, dióspiros, romãs, castanhas e nozes, margaridas, girassóis, eucaliptos e folhas caídas. Até o menu teve sabores outonais e o creme de abóbora quentinho foi servido...na própria abóbora, como que para contrariar as temperaturas baixas que se fizeram sentir nessa noite.

BRIDE AND GROOM PADDINGTON BEARS

A minha sobrinha chegou-me esta semana, de surpresa, com dois porta chaves do ursinho Paddington. O Paddington Bear, para quem não sabe, é um personagem clássico da literatura infantil do Reino Unido, e as histórias contam as aventuras de um urso que nasceu no Peru e foi adotado por uma família em Londres. Mas dizia eu que a sobrinha, que mora em Londres e veio a Lisboa especialmente para o casamento de um amigo de infância luso-britânico, aparece-me com os ursinhos e pede-me ajuda: precisava, a pedido dos noivos, transformar os dois bonecos em noivinhos para enfeitarem o topo do bolo de casamento. Seria uma homenagem ao lado inglês do noivo e também um desejo da noiva, grande fã do personagem. A princípio fiquei meia apreensiva, pois entendi que a sobrinha queria que eu confeccionasse uns fatos especiais para os bonecos, que de tão pequenos cabiam na palma da mão. Mas quando trocámos ideias, chegámos à conclusão que não havia razão para descaracterizar o Paddington que tem como imagem de marca o chapéu vermelho e a canadiana azul. Sem estas roupas ele tornar-se-ia um Teddy Bear anónimo e comum. Pensámos que se um dia o ursinho se fosse casar, apenas adicionaria ao seu típico traje bicolor um acessório de gala e que a escolha certa seria um bow-tie com algum brilho. Já para a noiva, o investimento foi maior: conservámos o casaco azul mas o chapéu foi substituído pelo tradicional véu (foi uma boa surpresa descobrir, quando descosi o chapéu, que o boneco tinha orelhas!), flores do campo na "mão" e de repente tínhamos à nossa frente uma ursinha feminina mas que ainda assim, remetia ao Paddington. Foi uma brincadeira engraçada, que deixo aqui à guisa de inspiração, pois nunca me teria passado pela cabeça transformar um personagem do imaginário infantil em bonecos de topo de bolo. Soube, que apesar da abordagem e do projeto simples, os noivos emocionaram-se e foi isso que me deixou mais feliz.

JOGO DE LOIÇAS

Eu sempre gostei de pratos altos. Acho que por não ser boa cozinheira nem doceira, tenho a ideia que um bolo por mais simples que seja, colocado num prato que tenha um pé, é elevado a um outro patamar e acaba por se destacar na mesa. Também agrada-me uma mesa posta de forma diferente e original onde haja mistura de elementos, de cores e de padrões. Gosto de ver volumes e alturas diversas e em certas ocasiões em que precisei de uma peça mais elaborada, acabei por "desenvolvê-la". Como? fazendo um jogo de loiças. Juntando, com imaginação, pratos, taças, chávenas e bules. E antes que me perguntem se nunca nada desabou em cima da mesa, posso vos garantir que não: o truque é um ponto aqui e outro acolá de cola quente que sai muito bem na lavagem e não estraga o material. Claro que também há a hipótese de usarem cola específica para porcelanas e ficarem com uma construção definitiva, mas eu prefiro as montagens efémeras. As palavras chaves aqui são criatividade, harmonia e equilíbrio (em todos os sentidos). E não vale só para bolos e bolinhos, serve também para servir um pão com geleia ou exibir as flores num centro de mesa.

CADEIRÃO ENCONTRADO NA RUA...

...não por mim, mas pela minha cunhada que prontamente levou-o para casa e ali ficou por vários meses, sem que ninguém tivesse coragem de pegar nele. Estava muito manchado, por ter ficado exposto ao sol e à chuva, faltava-lhe uma peça do encosto, tinha partes descoladas e um braço bastante ruído, provavelmente por algum cachorro. Mas o potencial estava lá, e começou a dar nas vistas mal iniciei a lixar, quando apareceu uma madeira não muito clara mas com uns veios bonitos. A parte delicada, foi o enxerto no braço. Tratou-se de uma primeira vez para mim e achei mesmo que não iria dar conta, mas no fim revelou-se um trabalho de marcenaria bem interessante de realizar.
Minha cunhada não é dada a DIY, e a cadeira, pesada e rústica iria ficar forever esquecida a um canto se eu não lhe lançasse mão. Trouxe-a comigo há alguns meses e demorei de propósito a trabalhar nela, pois só quero devolver a cadeira no dia do seu aniversário, daqui a alguns dias. Minha cunhada tem passado por problemas graves de há um ano a esta parte, que a têm deixado muito em baixo, e quero que ela tenha a surpresa de entrar na sua sala e se deparar com a cadeira renovada. Tenho a certeza que ela não a vai reconhecer, não está à espera de um tal presente de anos e imagino mesmo que ela no momento até já tenha esquecido o cadeirão, porque quando o levei de lá de casa fingi falta de convicção, e ainda lancei, com pouca firmeza, um "vou ver o que consigo fazer disto". Até a escolha do tecido para as almofadas não foi sem intenção: não é o tecido que a cunhada escolheria, ela é pessoa mais contida e clássica nos seus gostos. Mas o propósito foi mesmo esse, tirá-la da sua zona de conforto e dar um boost, um impulso, alguma cor à sua vida.

O DEPOIS E O ANTES DE UMA COZINHA

Ao escrever este post dou-me conta que boa parte do meu ano de 2018 foi passado a recuperar esta casa, mas que finalmente, acabou! Deu trabalho, houve muito investimento pessoal por ter sido eu própria a restaurar boa parte dos móveis, a encerar todas as portas e a pintar alguns elementos, que por serem corriqueiros não cheguei a mostrar aqui. Mas está pronta! E ao vos mostrar a cozinha, dou por encerrado este capítulo e espero poder voltar em breve à máquina de costura (parada desde Abril) e a postagens mais diversificadas. O processo de tornar esta cozinha mais consentânea com o estilo de vida atual sem contudo desvirtuá-la dos seus elementos originais, trouxe alguns desafios: foi preciso arrancar o móvel da parede e adaptá-lo ao novo espaço (leia como, aqui), deslocar a bancada, torná-la mais larga e recolocá-la numa posição mais alta para permitir que a máquina da loiça caiba em baixo e, pasme-se, sair à procura de um lava loiças em pedra que substituísse aquele que eventualmente existiu na casa mas, por alguma razão que desconheço, havia desaparecido. Aquilo que mais gosto quando intervenho num andar velho é que a remodelação seja coerente com a época de construção da casa. E, modéstia à parte, acho que consegui.

CASA DE BANHO COM BANCADA EM STENCIL

Um erro do empreiteiro da obra (leia-se, marido) que trocou as cores dos azulejos que eu tinha definido para cada casa de banho, e consequentemente, a cor da massa de microcimento aplicada no piso e paredes, fez com que pela primeira vez na vida eu tenha acabado com um ambiente totalmente tom sobre tom! Na altura fiquei bem chateada, não tanto pela troca das cores (nisso, eu daria um jeito) mas mais pela incapacidade dos homens de reterem na cabeça mais do que uma tarefa. No entanto, no decorrer da obra, fui-me apercebendo que as paredes casavam com o móvel, que este ornava com a janela, que esta última combinava com a porta, e que tudo junto, somado à luz natural de fim de tarde que entra abundantemente, tinha lá o seu encanto, apesar de eu, pessoalmente, precisar de um pouco mais de contraste para me sentir estimulada. Agradou-me de tal forma o conforto de jogar com o similar que quando, em viagem a Bruxelas, avistei pelo vidro da montra, dois cabides de parede com acabamento ferrugem, fiquei com a certeza que o local ideal para a dupla seria naquela casa de banho, cor de areia da cabeça aos pés. A bancada, que eu mostrei aqui, depois de passar largos meses em espera na sala lá de casa, foi com saudades que lhe disse adeus!

CASA DE BANHO COM BANCADA DE PÉ DE MÁQUINA

Finalmente o pé da máquina de costura que mostrei aqui assumiu com louvor as suas novas funções, numa despensa transformada em casa de banho.  Ele agora serve de base a um lavatório de pousar num espaço feito como gosto: com elementos que não combinam necessariamente, mas se coordenam; com materiais que tiveram outras vivências e com as características de época da casa, mantidas. Nos pormenores, outros dois itens que não dispenso: luminárias pendentes e cabides de parede. As imagens não são as melhores porque o espaço é estreito e a luz, artificial, mas cumpre o objetivo: levar-vos a não terem medo da mistura pois é quando elementos diversos se encontram e se destacam que a originalidade surge!

ARMÁRIO DE COZINHA

A minha presença pouco assídua aqui no blog tem sido por motivos de trabalhos grandes, que têm ocupado todo o meu tempo livre. Estou a intervir num apartamento dos anos 50 e alguns dos móveis que vão para a cozinha e as casas de banho, tenho estado eu própria a recuperá-los. São trabalhos que além de morosos, dependem dos canalizadores, eletricistas, colocadores de espelhos, entre outros para que os ambientes fiquem completos e eu possa mostrá-los. Obras de recuperação são mais lentas que fazer tudo novo (e consideravelmente mais caras também): há muitas condicionantes e surgem decisões que devem ser tomadas para modernizar a casa sem, no entanto, despojá-la das suas características originais. Nem sempre é fácil, mas para mim, é nesse equilíbrio entre o que fica e o que infelizmente deve partir, que reside o desafio. O móvel da vez, é um dos armário da cozinha. O único que ficou, pois os outros, além de estarem em bastante mau estado, seria difícil integra-los aos eletrodomésticos atuais. O móvel é grande, pesado, e para trocá-lo de posição enquanto o despia das camadas de tinta, era preciso chamar reforços. Foram muitos finais de tarde e fins de semana (mais do que aqueles que eu poderia supor) de volta dele mas eu acho que valeu a pena. Ainda falta colocar a rede de galinheiro nas portas, pendurá-lo no devido lugar e vir mostrar-vos o antes e depois da cozinha, um projeto que tem sido muito interessante para mim, pois alguns elementos foram mantidos (como este móvel) mas trocaram de lugar e para isso tiveram necessidade de ser adaptados e outros, como o lava loiças, pura e simplesmente não existiam e foi preciso procurar até encontrar um da época. Um verdadeiro quebra-cabeças que espero completar em breve!

ARMÁRIO RÚSTICO #3

Eu tinha prometido mostrar-vos o móvel quando ele estivesse completo e colocado na parede. Levou o seu tempo, mas aqui está ele. Sim, trata-se do guarda comida que apareceu aqui ainda num estado bastante primário e a seguir mostrei-o terminado mas ainda não no seu lugar definitivo. Finalmente, consegui pendura-lo na parede, e tal como tinha planeado, acrescentei-lhe umas poleias trabalhadas na base, que a meu ver lhe conferiram um certo acabamento, além de serem úteis pois ajudam a suportar o peso do móvel quando este estiver carregado. A parede em questão fica na marquise de uma cozinha e a minha aposta é que, quem for habitar esta casa, provavelmente colocará por baixo deste móvel suspenso, uma mesa para as refeições ou, quem sabe, um aparador. São meras hipóteses que coloco, pois o meu papel, na remodelação de casas antigas, apenas passa pela cozinha e casas de banho. Não decoro nem mobilo e a maior parte das vezes nem sequer chego a ver as casas ocupadas, o que considero uma pena pois com certeza seria interessante para mim, descobrir se quem se instalou no espaço, seguiu o mesmo fio de pensamento que eu ou pelo contrário, veio com uma ideia completamente diferente! Nas fotos, vão notar que o piso e o rodapé são os originais da casa, apenas foram limpos e polidos. Assim como a janela de madeira que ilumina uma das casas de banho do apartamento. Não tenho o "antes" dela, mas foi retirada a tinta velha deixando a madeira à vista e os vidros antigos, preservados. Com tempo ainda quero mostrar-vos as casas de banho que apesar de totalmente refeitas, conservaram características interessantes, assim como a cozinha, um verdadeiro desafio que ainda não acabou: tenho no momento entre mãos a recuperação do único móvel que existia naquele espaço, é  enorme e tem me dado água pela barba!

TOUR PELO QUARTO DAS FILHAS

Para fechar com chave de ouro a transformação do quarto das filhas, aqui fica um pequeno video realizado, não por mim, que pouco ou nada entendo de tecnologia, mas por Andy, um jovem talentoso e multifacetado, estudante de arquitetura e atleta de saltos ornamentais, que a convite da minha filha ficou por alguns dias cá em casa enquanto explorava e tomava-se de amores por Lisboa e arredores. Pouco mais de um minuto em que, quem andou por aqui, a incentivar e a adivinhar o que viria a seguir, vai finalmente poder ver, através do olhar divertido e irreverente do Andy, as peças que se encaixam. Clique and....enjoy!


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FICHA TÉCNICA:
                                
IDEIA E REALIZAÇÃO         
Andy Kreiter

CAST (in order of appearance)
Val
Victoria
Bea
Andy
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Para quem perdeu, ou quer recordar, o processo que levou à transformação do quarto, aqui ficam os links:

A BANCADA

Nem só de móveis recuperados vive um quarto e se havia um problema por solucionar desde o início da remodelação, e que eu sabia que dificilmente o conseguiria fazer com um móvel existente, devido às dimensões muito específicas que eu precisava, era o canto entre a parede onde ficam as prateleiras e o sofá. Depois de matutar bastante (reciclar, para mim, é sempre a primeira opção e fico contrariada quando não é possível fazê-lo) acabei por eu mesma desenhar e pedir a um carpinteiro que executasse uma bancada simples, da cor da parede, estreita, que contemplasse alguma área para arrumação (socorro! jovens têm toneladas de roupa) e um pequeno espaço para sentar e escrever ou consultar o portátil. Para que o móvel não ficasse com ar de bancada de cozinha asséptica e impessoal, coloquei-lhe puxadores de modelos e cores diferentes, cujo único ponto em comum é serem todos de vidro. Fiquei contente com o resultado: apesar de grande (2 metros de comprimento), as linhas minimalistas do móvel e o fato da cor confundir-se com a da parede, conferiram-lhe um protagonismo sóbrio que não colide com as restantes peças. As mais observadores vão ainda reparar, que nas fotos abaixo, aparecem de relance as colchas das camas. Foram feitas com carinho pelas mãos da Ana e sobre elas, nada como ler aqui e aqui as suas próprias impressões. Conclusão do quarto? no próximo post, com direito a video divertido onde poderão ver tudo junto e misturado!

TROCA DE CASA

A cerimónia de final de curso da filha que estuda nos EUA obrigou-nos a nova travessia do Atlântico. Numa cidade pequena, onde a grande maioria dos habitantes são estudantes (relembre aqui), em semana de graduation, os hotéis esgotam e os preços das diárias disparam. Foi em meio a essa dificuldade de encontrar um local para ficar que veio a proposta: Mary Ann, uma senhora aposentada do departamento de atletas da universidade quer conhecer Portugal e sugere uma troca de casa. A chamada home swap: combinamos as mesmas datas para as respetivas estadias e instalamo-nos. Ela em nossa casa, nós, na dela. E foi assim que, de repente, vi-me acomodada numa casa de campo nos arredores de Columbia, enquanto ela, hospedava-se no nosso apartamento no centro de Lisboa. "This will be fun for both of us" disse-nos ela. E foi. Mary Ann esqueceu o carro e galgou Lisboa toda a pé. Nós, longe de tudo, usávamos o seu truck para nos deslocarmos. E a casa? a casa representava totalmente a personalidade da dona, repleta de objetos rústicos e memórias de alguém que tinha sido criada numa farm e que se define como uma country girl.  Com uma planta tipicamente Americana, que integra cozinha, sala de jantar e estar e que se abre a um porch rodeado de verde, os nossos vizinhos mais próximos eram bois, vacas, cavalos, esquilos, coelhos, veados, pássaros, rãs e demais espécies que não consegui identificar. Impossível descrever aqui a cacofonia que faziam à noite e o agradável que era adormecer com esta trilha sonora. Uma experiência única, enriquecedora e inesquecível !

ANTES E DEPOIS DO SOFÁ

Eu tinha guardado o sofá para um dia colocá-lo na sala, quando fosse feita a reforma que anda a ser adiada há anos, mas acabou no quarto das filhas, visto o "programa" delas pedir um local para chill out. O "programa" também me deixava liberdade para um, e somente um, elemento de cor no ambiente, e foi no sofá que me realizei. Relativamente pequeno e com umas orelhas que lhe conferem um certo charme, a ideia foi dar-lhe aquele twist que lhe permitisse passar do clássico ao contemporâneo. E nem os pés, que são novos pois os antigos tinham sido comidos pelo bicho, escaparam. Falta pouco para a reforma chegar ao fim: umas colchas lindas feitas pelas mãos de alguém que muitos de vocês conhecem e acompanham, estão quase prontas. E, apesar das miúdas já não precisarem de uma zona de estudo, desenhei e mandei fazer uma bancada estreita, da cor da parede, de linhas simples e que contempla uma pequena área para a pessoa sentar e escrever ou consultar o portátil. Está quase, vamos segurar um pouco mais a ansiedade!

BAÚ DE CABECEIRA

Quando alguém me perguntou se eu queria ficar com o baú, confesso que aceitei só por simpatia. Nunca pensei que algum dia pudesse vir a me ser útil. No entanto, quando precisei de uma mesa de cabeceira para o quarto das filhas, foi dele que me lembrei. Era feio de doer, mas tinha as medidas adequadas e apesar de velho, estava em bom estado. Foi um autêntico desafio livra-lo do verniz escuro que o cobria por inteiro, mas quando a camada preta desapareceu, revelou uma madeira cor de mel, ferragens trabalhadas e um papel com textura. Como para o meu objetivo ainda estava um pouco carregado, pintei o papel com uma tinta clara, com cuidado para não esconder os relevos. E de uma caixa sombria e sisuda, direi até, meia soturna, o baú passou a um elemento levemente romântico, que encaixou na perfeição entre as camas das miúdas.
Baús são peças que despertam indagações: será que rodaram o mundo ou terão levado uma existência mais pacata, encerrando o enxoval de uma vida? entre mala de viagem e arca de arrumação, acho que foi esta última a função que ele sempre cumpriu. Agora, passará a ser guardador de sonhos.

TOUCADOR IMPROVISADO

A vida aqui no blog tem andado muito slow, mas lá fora, a coisa está agitada. Deveria mesmo dizer, frenética. São as obras em casa, que coincidem com uma fase de compromissos profissionais intensa, tudo isto somado às atividades extra curriculares (hobbies) que teimo em não abandonar e à minha mania de ser eu própria a fazer tudo. No meio de toda essa azáfama, o quarto das filhas começa a desenhar-se, com algumas coisas prontas, outras em fase de acabamento, e outras ainda em estudo, como gravuras e fotos que se encontram pregadas às paredes com fita crepe. Se há coisa que me tira do sério em decoração, é deparar com aparelhos de ar condicionado e radiadores murais, males necessários num país que tem as 4 estações. E o quarto das minhas filhas tem ambos, e tudo numa mesma parede. Quanto ao ar condicionado, não há nada a fazer, é pura e simplesmente ignora-lo. Mas o aquecedor fica ao nível dos olhos e ocupa espaço útil, não há como não assumi-lo. E foi nessa tentativa de integra-lo ao ambiente que surgiu uma espécie de penteadeira, usando quase tudo que trago das minhas viagens e estoco. Sim, quando viajo, há certos itens que geralmente vêm nas malas, entre eles, puxadores, cabides de parede e luminárias (não falemos em pratos). Guardo, e espero que a ocasião de usá-los se apresente. E acreditem, a oportunidade, pode levar anos, mas chega. Os únicos objetos que comprei de propósito para fazer este toucador improvisado, foram o espelho e a prateleira. Uma prateleira comum, de qualidade bastante duvidosa até, que forrei com publicidades de cremes, batons e lingerie, tiradas de uma revista de moda de 1954. Enquanto o resto não se compõe, deixo-vos aqui um pequeno spoiler do quarto. Outros, seguirão.


SANTA PÁSCOA

No hemisfério norte, a Páscoa acontece junto com a primavera, e reforça o sentido da quadra: desejos de renovação, de alegria e de renascimento. É chegada a hora de retomar, germinar. Desabrochar. E Façamo-lo junto à família, à volta de uma mesa, onde se coloca as iguarias típicas da época mas aonde se põe também a gentileza e os sorrisos. Este ano, aqui em casa, vai faltar uma filha mas os sobrinhos vão preencher essa ausência, o que é garantia de festa redobrada e muito entusiasmo. E o que vos desejo é justamente isso: que se reúnam e reforcem os laços, com a família e os amigos. Com aqueles que vos são queridos e importam na vossa vida!

ARMÁRIO RÚSTICO #2

Três semanas depois, em meio à azáfama das obras no quarto das filhas, que virou a casa e a minha vida de cabeça para baixo (justificativa para a minha ausência no blog), parece que o armário ficou pronto. Parece, porque olhando bem, haveria lugar para mais uma lixadela aqui ou um polimento ali. Mas chega a uma altura em que é preciso aceitar a beleza da imperfeição e assumir que a peça está acabada. E para mim, o guarda comida ganhou nova vida. Continua com ares de moço simples, com a sua lateral feita de restos de madeiras toscas e a cimalha interrompida, mas ganhou um fundo de propagandas recortadas de revistas antigas e agora apenas espera que a parede que o irá receber fique pronta. Para quem perdeu o primeiro episódio da transformação deste móvel, sugiro que leia aqui enquanto aguarda pacientemente pela 3ª e última parte.... (entretanto, 3ª e última parte aqui)

ARMÁRIO RÚSTICO #1

Desde que caí de amores por um móvel rústico, que estava pregado a um canto de uma assoalhada de um velho andar, que não tenho sossego. Os meus fins de semana têm sido passados na sua companhia e a tarefa ingrata de lixar, lixar e lixar sem fim à vista, por vezes me faz pensar se estarei no bom caminho. Mas enfim, não sou pessoa de desistir fácil, e enquanto como o pó da lixa, desconfio que me está a aparecer uma madeira cheia de nós, certo, mas que promete não me decepcionar. O móvel em causa é na verdade um guarda comida, muito simples, com as típicas telas nas portas para deixar respirar os alimentos, ferragens rudimentares, cimalha e uma das laterais inacabadas na parte que encostava à parede e, sem fundo. Ou seja, um móvel de execução grosseira, desprovido de ornamentos e com acabamentos descuidados, mas que na minha cabeça já está transformado: vou assumir a madeira e as imperfeições, colocar-lhe um fundo forrado de propagandas de revistas antigas e acrescentar-lhe na base, poleias em ferro trabalhado. Mas neste momento ele está assim, ó: ferragens e telas desmontadas, partes decapadas e outras em progresso. Faço duas promessas: que ele vai ficar lindo e que eu venho mostrar a evolução.
Nota: veja aqui o móvel acabado.

PÉ DE MÁQUINA DE COSTURA

A minha existência tem sido tudo, menos glamourosa, desde que estou a intervir numa casa em que alguns móveis estão a ser recuperados por mim. Como durante a semana a vida passa-se no escritório, e só me dedico aos móveis nos tempos livres, isto quer dizer que os momentos de ócio são raros e que os assuntos no blog andam menos variados, centrando-se essencialmente nos "antes e depois" das peças que tenho em mãos. Sorry, prometo que é só uma fase e que a programação eclética há-de retornar!
A peça da vez é um pé de máquina de costura. Lembro-me que foi um amigo nosso que nos deu, tínhamos nós acabado de casar. A mãe deste amigo havia tirado a máquina da base, para mandar eletrificar, ele sabia que eu apreciava coisas velhas e um dia apareceu lá em casa com o pé. Por uns tempos ainda serviu como mesa lateral do sofá mas rapidamente acabou na arrecadação e lá ficou por mais de 20 anos. Agora, nas obras deste apartamento, precisei de mais um móvel que servisse de bancada de casa de banho (no outro banheiro da casa usei o móvel de stencil) e lembrei-me do pé que, por uma coincidência incrível descobri ter exatamente as medidas que eu precisava: era suficientemente estreito para caber entre o vão da porta e a parede em que encosta e o seu comprimento, perfeito para não atrofiar o espaço da sanita. O que fiz no pé não vai arrancar de quem o vê um UAU enorme e super expressivo, pois apesar de eu gostar de transformar radicalmente, existem peças que apenas pedem limpeza. E acho que esta era uma delas. Pesquisei bastante no pinterest e instagram, pés deste tipo (com "pernas" em madeira e pedal de ferro), repaginados, mas francamente, as imagens que encontrei não me agradaram. Pintar apenas por pintar, para dizer que agora o pé ficou colorido e alternativo, não me diz nada. Optei então por tirar o verniz escuro e deixar a madeira no seu tom mel. No pedal em ferro, fiz o mesmo: palha de aço fina, deixar a cor de ferrugem à vista e cera no acabamento. Ainda não está terminado, falta a pedra mármore no tampo, falta o lavatório e falta o mais importante: assumir as suas novas funções!
Update; aqui está o móvel já instalado na casa de banho.

BANQUINHO COM POMPONS DE FELTRO

A história deste banquinho é a seguinte: via várias vezes a senhora que limpa o prédio onde moro, periclitantemente equilibrada em cima do dito cujo, a polir as pedras das colunas que ficam na entrada. Um dia propus-lhe um negócio: eu arranjava-lhe um escadote em condições e ela, em troca, dava-me a banqueta. A resposta veio imediata: que se fizesse a permuta rapidamente, pois ela era pessoa baixinha, o banco curto, e estava mais do que evidente a dificuldade que tinha em aceder a cantos altos. E foi assim que eu ganhei um banco velho e sujo, e ela, um escadote novo e reluzente. A meu ver, troca mais do que justa! Depois seguiu-se a fase da ansiedade: lixar a tinta antiga para enfim descobrir as virtudes e os defeitos do banco. A coisa boa foi a sua estrutura, que se revelou robusta e bonita. A notícia má veio com a descoberta de um tampo minado pelo caminho dos bichos. Umas bases para pratos quentes, feitas em pompons de feltro, e que eu utilizava bem pouco em casa, foi a solução que encontrei para transformar o tampo agonizante num assento colorido e confortável. Desfiz as bases e colei uma a uma as bolas. A princípio julguei que a minha ideia iria resultar num banco frágil, quase só para enfeite, em que com o sentar, pompons se iriam soltar a pouco e pouco. Mas não, com doses generosas de cola de contato e os pompons bem chegados uns aos outros, obtive um "maciço" sólido e um banquinho de arrancar sorrisos!

COMER COM OS OLHOS

Já aqui disse várias vezes que não cozinho. E é verdade, a criatividade que tenho em certas áreas, falta-me em absoluto na cozinha. Tenho pena, pois nunca meus filhos poderão dizer que certo cheiro ou paladar lhes recordam a casa da mãe. Em contrapartida, adoro cozinhas (como arquiteta é mesmo a parte da casa onde mais gosto de intervir) e sou a louca das loiças! Esta última característica traz-me dois problemas: o primeiro de ordem logística, a casa não cresce e é-me cada vez mais difícil arranjar espaço para os serviços. E o segundo, um debate moral: estarei eu a gastar demais e a transformar-me numa acumuladora de pratos, pratinhos, copos, talheres, bowls, mini cassarolas, tábuas e afins? Para me consolar, costumava dar a mim própria a desculpa de que é o meu único vício e não tão nocivo assim, até que há uns dias, passou-me pelas mãos um artigo que dizia que investir em loiças é não só uma maneira de deixar a mesa mais atrativa mas também um conceito de alimentação saudável. É não olhar apenas para os nutrientes, ir mais além e enxergar na comida o prazer, as relações, as partilhas. E fez-me tão bem ler e pensar sobre isto porque de repente o meu único vício deixou de ser uma futilidade. Eu sou uma pessoa visual, sempre fui, como com os olhos, e assumo: venho carregada de pratos nas viagens, compro loiças online, herdo peças. Considero os meus serviços pessoais e intransmissíveis porque são descombinados e compostos por peças avulsas. Tem o prato branco mas também tem o colorido, os estilos são os mais diversos, os formatos e tamanhos variados. Traços que me permitem misturar e obter combinações menos óbvias à mesa. As fotos a seguir não são minhas.  A comida obviamente também não. Mas os pratos, são. O meu acervo é tão grande que volta e meia combino com a minha amiga de longa data, Lena, a mentora do projeto Seëds e empresto-lhe peças. São imagens que me enchem os olhos. Gosto de ver como a culinária da Lena torna os meus pratos tão fotogénicos, e aprecio a forma como as minhas loiças exaltam ainda mais as suas criações, já de si, tão atraentes.

DIZ QUE FUI POR AÍ

Este fim de semana fui à Bélgica. Já perdi a conta das vezes que visitei aquele país que trago no coração, de forma que minhas idas lá não são mais turísticas e sim puro deleite de passear pelas ruas, sem pressa e sem destino. O tempo foi curto para matar saudades e colher inspirações, mas nas minhas deambulações tropecei por elementos de outros tempos, que foram concebidos para usos específicos, mas que pelo seu forte apelo visual, metamorfosearam-se e acabaram por tornar-se protagonistas dos ambientes. E foi assim que os bules levaram uma camada de tinta spray e reinam agora dependurados do teto. Que gavetas solitárias transformaram-se em prateleiras. Que bancos ganharam pedais e a cadeira de cinema veio para a esplanada. Que o pé de máquina virou mesa. Que as malas de viajem converteram-se em apoio para plantas. Que o carrinho de mão, bem, esse não mudou muito de funções, mas tornou-se um belo recipiente para bolbos. Flanar pelas ruas, é das coisas que mais gosto de fazer. De tal forma que muitas vezes antes de sair de casa, aviso: "se alguém perguntar por mim, diz que fui por aí".

PLANOS PARA O QUARTO DAS FILHAS

Neste final de ano aconteceu algo sui generis lá em casa. Aproveitando a rara ocasião em que as duas filhas estavam presentes, uma vez que ambas estudam fora e é difícil coincidirem em Lisboa, dei-lhes um ultimato para que fizessem uma limpeza aos armários do quarto delas, separando a roupa que já não servisse ou quisessem. Saí de casa e disse-lhes que queria tudo limpo e organizado até ao final da tarde, quando eu voltasse do trabalho. Mas qual a minha surpresa quando ao regressar, dei com a entrada do apartamento atafulhada de sacos: as duas não só tinham separado a roupa para doação como ainda embalaram tudo o que se encontrava no quarto e que elas definiram como artigos infantis que nada mais tinham a ver com elas. Ensacaram bonecas, porta retratos, desenhos, bijuterias, CDs, livros, enfeites. E perante a minha cara de espanto, viraram o feitiço contra o feiticeiro e lançaram-me o repto: que eu me livrasse dos móveis coloridos, das secretárias de estudo que já não utilizam e lhes desse finalmente um quarto de adulto. Reivindicam madeira natural e cores neutras  (vá lá, depois de muita conversa vão deixar-me colocar um só elemento com cor) e uma zona de chill out. Eu sei que elas têm razão em pedir este refresh. São 22 anos de uma decoração que evoluiu com elas até uma certa altura mas depois parou. Parou porque elas não estavam cá. Parou por preguiça minha (confesso). Parou porque a maior parte do tempo o quarto tem estado fechado e esquecido. Planos, tenho alguns. Dúvidas, muitas. A única certeza é que quero começar por tirar o lambril de madeira verde, arranjar uma cor para as paredes na paleta dos cinzas, e tentar remodelar uma ou duas peças velhas que tenho guardadas. O resto, como sempre, confio no acaso, vai cair do céu e vai dar certo!

O quarto depois do desbaste:









PRESENTES À MEDIDA DE CADA UM

Eu sou uma chata quando se trata de dar e receber presentes: assim como não me agrada que me despachem com algo que nada tenha a ver comigo, também não gosto de oferecer qualquer coisa.  Como a maioria das pessoas, fujo da corrida aos centros comerciais na época do Natal, mas para evitar os shoppings, sou obrigada a puxar pela criatividade para arranjar prendas com as quais as pessoas se identifiquem ou se surpreendam. Este ano, dois itens fizeram especial sucesso entre os presenteados, e por se tratarem de peças e "momentos" relativamente fáceis e acessíveis de serem concretizados, achei que partilhar aqui poderia vos servir de inspiração quando a oportunidade de oferecer se apresentar ao longo do ano e vos faltar a imaginação. A ala das crianças da família foi corrida a aventais e os sobrinhos adultos, levaram cada um, um "vale brunch". Eu explico: fiz batas dupla face, coloridas e algo lúdicas para as meninas e um avental de pequeno chef para o menino. Se me tivesse sobrado mais tempo, teria juntado a estas peças elementos tais como colheres de pau ou formas de bolachas, para que os pequenos se sentissem incentivados a ir para a cozinha, meter as mãos na massa e divertirem-se. Mas tal nem foi preciso, pois os miúdos assim que desembrulharam os presentes, já se paramentaram com os aventais e não mais os tiraram. O fato de terem dois lados, também os deixou numa dúvida cruel. Foi engraçado de assistir. Quanto aos sobrinhos mais velhos, já na casa dos 20 e poucos, ao se depararem com os vales brunch, ficaram um pouco confusos, mas eu logo apressei-me a explicar: que eles agendassem uma data onde pudessem estar todos, num local aprazível, previamente definido por mim. O resto, seria por minha (nossa) conta. Decidimos logo ali o dia e hora em que nos encontraríamos, e isto, não parece, mas é importante, porque se deixarmos para combinar noutra ocasião, o "vale" acaba por cair no esquecimento e perde a graça. Uma semana depois, lá estávamos todos, junto ao rio, num sábado, a meio da manhã. Nós lá de casa chegámos com os cestos de piquenique carregados. No menu, café, sumo de laranja natural, bolo de limão, iogurte com dois tipos de granola, panquecas com mirtilos e maple syrup, sandes com recheio de abacate. Fiz questão que nada fosse de papel ou descartável, a ocasião pedia um certo requinte! Mas a comida foi o menos importante, bom mesmo foi estar com os sobrinhos, ouvi-los e sabermos deles.