Um dezembro atípico tive eu este ano. Num mês em que, de livre e espontânea vontade, coloco sempre bastante pressão sobre mim própria, o tempo já de si escasso, tornou-se ainda mais curto quando, de repente, vi-me sentada num avião em direção ao Brasil para apoiar o meu pai numa cirurgia. Para pessoas como eu, que gostam pouco ou nada de planear e preferem organizar o seu dia a dia seguindo um certo instinto, um imprevisto como este consegue baralhar completamente a ordem, já de si frágil, das coisas. A sorte, é que a idade traz-nos certa sensatez, e parece que finalmente começo a aceitar que se não conseguir concretizar tudo o que pretendia, está tudo bem; se não sair perfeito, está ótimo também. Ou seja, não vou mais martirizar-me quando o que poderia fazer hoje, ficar para amanhã. Ou para daqui a dois dias. A surpresa de me meter num avião quase de um dia para o outro, provou-me mais uma vez aquilo que todos sabemos: nada é garantido e a vida é finita. Felizmente, tudo correu bem, mas habituada a um pai com força e atividade incomuns aos 91, vê-lo num estado fraco e dependente, fez-me tomar a primeira resolução de Ano Novo séria em toda a minha vida: a de que irei atravessar mais vezes o Atlântico para estar com ele. E como conheço-me e sei que posso levar algum tempo a decidir mas quando o faço é para valer, isto vai mesmo acontecer.
O que desejo a todos que por aqui passam, é que o Natal tenha sido oportunidade de reencontros e alegrias, e que a tela em branco que temos à nossa frente, se encha de cores bonitas, que representem ânimo, determinação, motivação e entrega. Felizes festas!