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BAÚ DE CABECEIRA

Quando alguém me perguntou se eu queria ficar com o baú, confesso que aceitei só por simpatia. Nunca pensei que algum dia pudesse vir a me ser útil. No entanto, quando precisei de uma mesa de cabeceira para o quarto das filhas, foi dele que me lembrei. Era feio de doer, mas tinha as medidas adequadas e apesar de velho, estava em bom estado. Foi um autêntico desafio livra-lo do verniz escuro que o cobria por inteiro, mas quando a camada preta desapareceu, revelou uma madeira cor de mel, ferragens trabalhadas e um papel com textura. Como para o meu objetivo ainda estava um pouco carregado, pintei o papel com uma tinta clara, com cuidado para não esconder os relevos. E de uma caixa sombria e sisuda, direi até, meia soturna, o baú passou a um elemento levemente romântico, que encaixou na perfeição entre as camas das miúdas.
Baús são peças que despertam indagações: será que rodaram o mundo ou terão levado uma existência mais pacata, encerrando o enxoval de uma vida? entre mala de viagem e arca de arrumação, acho que foi esta última a função que ele sempre cumpriu. Agora, passará a ser guardador de sonhos.

TOUCADOR IMPROVISADO

A vida aqui no blog tem andado muito slow, mas lá fora, a coisa está agitada. Deveria mesmo dizer, frenética. São as obras em casa, que coincidem com uma fase de compromissos profissionais intensa, tudo isto somado às atividades extra curriculares (hobbies) que teimo em não abandonar e à minha mania de ser eu própria a fazer tudo. No meio de toda essa azáfama, o quarto das filhas começa a desenhar-se, com algumas coisas prontas, outras em fase de acabamento, e outras ainda em estudo, como gravuras e fotos que se encontram pregadas às paredes com fita crepe. Se há coisa que me tira do sério em decoração, é deparar com aparelhos de ar condicionado e radiadores murais, males necessários num país que tem as 4 estações. E o quarto das minhas filhas tem ambos, e tudo numa mesma parede. Quanto ao ar condicionado, não há nada a fazer, é pura e simplesmente ignora-lo. Mas o aquecedor fica ao nível dos olhos e ocupa espaço útil, não há como não assumi-lo. E foi nessa tentativa de integra-lo ao ambiente que surgiu uma espécie de penteadeira, usando quase tudo que trago das minhas viagens e estoco. Sim, quando viajo, há certos itens que geralmente vêm nas malas, entre eles, puxadores, cabides de parede e luminárias (não falemos em pratos). Guardo, e espero que a ocasião de usá-los se apresente. E acreditem, a oportunidade, pode levar anos, mas chega. Os únicos objetos que comprei de propósito para fazer este toucador improvisado, foram o espelho e a prateleira. Uma prateleira comum, de qualidade bastante duvidosa até, que forrei com publicidades de cremes, batons e lingerie, tiradas de uma revista de moda de 1954. Enquanto o resto não se compõe, deixo-vos aqui um pequeno spoiler do quarto. Outros, seguirão.