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BORDADOS COM HISTÓRIA

Lembro-me da minha mãe ter em casa inúmeras peças de linho, bordadas por mãos prendadas, de lençóis a toalhas de mesa, panos de prato, naperons e camisolas de dormir, que tratava com muito carinho. Algumas ainda existem, outras gastaram-se com o uso.
Antigamente, enxoval era coisa séria, e tudo era idealizado pela minha avó materna, que adorava ocupar-se com trabalhos manuais e era fascinada por armarinhos e retroseiros.
Ela comprava tecidos de linho e algodão importados, trazia de fora ricas rendas, inspirava-se em revistas da especialidade e tinha em casa uma bordadeira "fixa", a quem fornecia os "riscos" depois de decidir os desenhos e coordenar as cores dos tecidos e das linhas. A seguir, passava as peças para a costureira que tratava de cortar e montar os conjuntos.

Deste seu encanto pelos bordados, ficou comigo um caderno datado de 1959, de um curso ministrado pela Singer, no qual, página após página, a minha avó colou um exemplo de cada tipo de bordado e ponto que aprendeu, assim como a respectiva denomunação.


Há cerca de 3,4 anos, uma das minhas irmãs entregou-me uma pasta com os riscos dos bordados. Papéis de seda e vegetais, dobrados e amarelecidos pelo tempo, com desenhos minuciosamente decalcados pela nossa avó, aqui e ali anotações.Não sabia o que fazer com aquilo.

Guardei-os numa gaveta, até achar que mereciam melhor sorte: as paredes do meu quarto e do gabinete de trabalho.
           

Depois de ter casado as três filhas, e assim ter chegado ao fim a "desculpa" para os enxovais de casamento, vieram os netos,e ela dedicou-se aos conjuntos de lençóis para alcofas e berços e roupinhas para os bébés.
Mais tarde, os bisnetos, aqueles que nasceram até 1998, ano em que a minha avó nos deixou, ainda foram contemplados com estes verdadeiros tesouros.
São para crianças os exemplos que vêm acima, riscos e moldes de babadouros, lençóis e "mandriões".

O quadro grande,que está sobre a cama, na prática traduz-se por isto: um conjunto de lençol e babadouro, datado de 1973,de cor forte,ao gosto dos anos 70. Bem fashion esta minha avó!
                     

Um agradecimento especial à minha tia Lúcia, a quem sempre recorro quando me falha a memória.

  

5 comentários:

  1. Vou ver se consigo comentar. outro dia tentei, mas não consegui. Adorei este post, Val. Sou fascinada por bordados, fiz até um curso recentemente e a sua ideia de colocá-los em quadros foi de extremo bom gosto. São verdadeiras jóias esses apontamentos.
    Bom domingo! Um beijo, Berê (sua prima aqui de Brasília)

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    1. Gosto muito de bordados, mas sou muito impaciente, portanto não consigo me dedicar a esta atividade. Tudo meu tem que ser mais estantâneo, mais rápido de ver concretizado! Bjs.

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  2. Olá Val,

    Claro que corri aqui para saber mais sobre os lindos riscos. Fiquei encantada com a forma que encontrou de mostrar seu carinho por algo tão especial e que com certeza te faz lembrar uma avó muito amada. Linda sua homenagem, tão linda como os bordados feitos com tanto amor!
    Beijos

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  3. Nossa Val, só agora vi essa postagem. Eu estava justamente procurando no google um risco de bordado à mão quando encontrei essas fotos do seu blog. Não havia visto, achei de uma sensibilidade impar, fiquei emocionada. Amo essas histórias que prestigiam a arte das nossas antepassadas. Um forte abraço, Clau.

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