Lembram-se da minha colega de trabalho, a Cristina, que decidiu que ia ser ela a tratar de um banquinho rejeitado, que já estava há tempo demasiado no meu gabinete a pedir socorro, sem que eu lhe ligasse?
Pois surgiu a oportunidade de lhe retribuir a gentileza.
Já contei aqui, que por força da minha profissão, não poucas vezes, visito casas devolutas, para ajuizar que destino dar às mesmas.
Nessas incursões a casas vazias, geralmente encontro objetos deixados para trás, desde candeeiros de teto (muito comum), a moveis (mais raro, mas acontece) e sempre muitos itens de cozinha.
Muitas dessas coisas guardo para (um dia, quem sabe) recuperar, outras sou obrigada a me desfazer, pois não tenho espaço para ficar com tudo.
Dessa vez, a Cristina veio comigo, e tomou-se de amores por um banco mais do que degradado que se encontrava na cozinha. Ainda tentei demovê-la: o banco não tinha qualquer pormenor que o diferenciasse e estava muito estragado, não valia sequer o esforço de o levar dali. Mas ela não me deu ouvidos, e o dito cujo sofreu o mesmo destino do outro banquinho e foi mofar, desta vez para o gabinete dela, à espera que alguém lhe desse atenção.
Abaixo, o estado deplorável do banco, e a cozinha onde o encontrámos.
Até que um belo dia, trouxe-o comigo e lancei mãos à obra: recuperei como pude o corpo do banco, pintei-o de uma cor de cereja e como o tampo estava irremediavelmente partido, pedi a um carpinteiro que reproduzisse outro igual e já agora, lhe desse uma laca amarela.