Parece que a minha sorte de esbarrar em peças interessantes na rua estendeu-se ao marido, que um belo dia apareceu-me com esta cadeira em casa. A peça estava extremamente ressecada e com o estofo tão imundo que ele próprio calçou umas luvas e tratou de arrancar o assento, não fosse este estar infestado de bichos. O que me encantou na cadeira desde o primeiro momento, foram as suas curvas que me remeteram de imediato à estética dos moveis Thonet que tanto gosto. Uma sinuosidade suave que lhe confere uma personalidade ímpar. O processo de restauro foi simples mas um tanto ou quanto trabalhoso: Numa primeira fase tratei de arrancar o resto de estofagem que ainda permanecia e extraí da cadeira seguramente mais de 200 pregos que tinham servido para agarrar assento e encosto à estrutura. Seguiu-se uma segunda etapa onde lixei a madeira até à exaustão. Depois destas tarefas, tratei de consertar as mazelas que felizmente eram poucas: colar aqui e ali e disfarçar dois defeitos nos braços. Veio o acabamento que é sempre a parte melhor e mais relaxante e apliquei-lhe uma goma laca que lhe conferiu um tom mel lindíssimo. Por último foi escolher um tecido que realçasse mais ainda a beleza da cadeira e optei por um de padrão geométrico com um ar a lembrar o art deco e que, na minha opinião, foi a cereja no topo do bolo!
Carácter, individualidade, originalidade e presença seriam as palavras que eu usaria para descrever esta cadeira. Adicionaria ainda, conforto!