Páginas

BRANCO SOBRE BRANCO

Branco não é a minha praia. Nunca foi. Aprecio, mas, ao contrário da maioria das pessoas, pintar alguma coisa de cor neutra, equivale a sair da minha zona de conforto. Dá-me a sensação de que fiquei aquém, de que a peça merecia mais da minha imaginação e do meu empenho. No entanto, na minha profissão, não posso olhar só para o meu gosto pessoal, preciso compreender o contexto, entender o todo e aqui não cabia cor nem madeira à vista. O conceito era branco sobre branco, e assim ficou! A simplicidade é por vezes mais difícil de atingir que o complicado. Sei disso. E no fim do trabalho, gostei do realce que o branco deu aos torneados e às ferragens e que o despretensioso toucador, esse eterno feminino, tivesse conseguido ganhar relevância e assumido o seu papel num espaço de alguma pompa e circunstância.


CASA DE BANHO RENOVADA

Há muito que queria renovar a casa de banho dos meus filhos. O espaço atendeu as necessidades deles durante quase 24 anos, mas estava infantil, descaracterizado e até ultrapassado, com uma banheira que serviu quando eles eram crianças e brincavam no banho mas já não fazia qualquer sentido e uma sanita que dava de frente para a porta, o que me incomodava bastante. Quando comecei a obra, não imaginava bem o resultado final, apenas sabia que iria substituir a banheira por uma base de duche, abrindo assim espaço para a sanita mudar radicalmente de lugar e também queria tornar tudo mais fluído. Uma casa de banho com pouca cara de casa de banho e sem muitos elementos pesados agarrados às paredes, de modo a que, em caso de enjoo, não fosse preciso "partir" tudo novamente. Claro que também não esqueci que tenho duas filhas e um rapaz e que este não estava muito a fim de circular num ambiente feminino.
Quando tudo ficou pronto, a minha sobrinha, talvez influenciada pelo tom terra que escolhi para o micro cimento aplicado nas paredes e no piso, achou que a casa de banho adquiriu um earthy look.  A verdade é que tentei misturar elementos cromados e acessórios de linhas contemporâneas com outros mais naturais e que a última coisa que eu pensava era colocar um móvel de apoio alto e escuro. No entanto, sem ter achado nada que me satisfizesse (apesar de ter sido persistente na procura) era este que estava disponível na arrecadação e, meia contrariada, acabei por lhe dar uma chance. Calhou até bem porque sobre ele arrumei umas plantinhas e conto com a janela no teto para que a luz natural e o sol que incide nesse preciso local nos meses de primavera e verão assegurem a subsistência da mini micro urban jungle.
Qualquer projeto, por mais pequeno e simples que seja, tem sempre um elemento que se torna o preferido, e neste caso, para mim, foi o conjunto de cabides de parede, que atendem pelo nome de Dots, que coloquei junto ao espelho. São tão pouco óbvios que, quem entra, fica na dúvida para o que servem...