A minha sobrinha chegou-me esta semana, de surpresa, com dois porta chaves do ursinho Paddington. O Paddington Bear, para quem não sabe, é um personagem clássico da literatura infantil do Reino Unido, e as histórias contam as aventuras de um urso que nasceu no Peru e foi adotado por uma família em Londres. Mas dizia eu que a sobrinha, que mora em Londres e veio a Lisboa especialmente para o casamento de um amigo de infância luso-britânico, aparece-me com os ursinhos e pede-me ajuda: precisava, a pedido dos noivos, transformar os dois bonecos em noivinhos para enfeitarem o topo do bolo de casamento. Seria uma homenagem ao lado inglês do noivo e também um desejo da noiva, grande fã do personagem. A princípio fiquei meia apreensiva, pois entendi que a sobrinha queria que eu confeccionasse uns fatos especiais para os bonecos, que de tão pequenos cabiam na palma da mão. Mas quando trocámos ideias, chegámos à conclusão que não havia razão para descaracterizar o Paddington que tem como imagem de marca o chapéu vermelho e a canadiana azul. Sem estas roupas ele tornar-se-ia um Teddy Bear anónimo e comum. Pensámos que se um dia o ursinho se fosse casar, apenas adicionaria ao seu típico traje bicolor um acessório de gala e que a escolha certa seria um bow-tie com algum brilho. Já para a noiva, o investimento foi maior: conservámos o casaco azul mas o chapéu foi substituído pelo tradicional véu (foi uma boa surpresa descobrir, quando descosi o chapéu, que o boneco tinha orelhas!), flores do campo na "mão" e de repente tínhamos à nossa frente uma ursinha feminina mas que ainda assim, remetia ao Paddington. Foi uma brincadeira engraçada, que deixo aqui à guisa de inspiração, pois nunca me teria passado pela cabeça transformar um personagem do imaginário infantil em bonecos de topo de bolo. Soube, que apesar da abordagem e do projeto simples, os noivos emocionaram-se e foi isso que me deixou mais feliz.
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JOGO DE LOIÇAS
Eu sempre gostei de pratos altos. Acho que por não ser boa cozinheira nem doceira, tenho a ideia que um bolo por mais simples que seja, colocado num prato que tenha um pé, é elevado a um outro patamar e acaba por se destacar na mesa. Também agrada-me uma mesa posta de forma diferente e original onde haja mistura de elementos, de cores e de padrões. Gosto de ver volumes e alturas diversas e em certas ocasiões em que precisei de uma peça mais elaborada, acabei por "desenvolvê-la". Como? fazendo um jogo de loiças. Juntando, com imaginação, pratos, taças, chávenas e bules. E antes que me perguntem se nunca nada desabou em cima da mesa, posso vos garantir que não: o truque é um ponto aqui e outro acolá de cola quente que sai muito bem na lavagem e não estraga o material. Claro que também há a hipótese de usarem cola específica para porcelanas e ficarem com uma construção definitiva, mas eu prefiro as montagens efémeras. As palavras chaves aqui são criatividade, harmonia e equilíbrio (em todos os sentidos). E não vale só para bolos e bolinhos, serve também para servir um pão com geleia ou exibir as flores num centro de mesa.
CADEIRÃO ENCONTRADO NA RUA...
...não por mim, mas pela minha cunhada que prontamente levou-o para casa e ali ficou por vários meses, sem que ninguém tivesse coragem de pegar nele. Estava muito manchado, por ter ficado exposto ao sol e à chuva, faltava-lhe uma peça do encosto, tinha partes descoladas e um braço bastante ruído, provavelmente por algum cachorro. Mas o potencial estava lá, e começou a dar nas vistas mal iniciei a lixar, quando apareceu uma madeira não muito clara mas com uns veios bonitos. A parte delicada, foi o enxerto no braço. Tratou-se de uma primeira vez para mim e achei mesmo que não iria dar conta, mas no fim revelou-se um trabalho de marcenaria bem interessante de realizar.
Minha cunhada não é dada a DIY, e a cadeira, pesada e rústica iria ficar forever esquecida a um canto se eu não lhe lançasse mão. Trouxe-a comigo há alguns meses e demorei de propósito a trabalhar nela, pois só quero devolver a cadeira no dia do seu aniversário, daqui a alguns dias. Minha cunhada tem passado por problemas graves de há um ano a esta parte, que a têm deixado muito em baixo, e quero que ela tenha a surpresa de entrar na sua sala e se deparar com a cadeira renovada. Tenho a certeza que ela não a vai reconhecer, não está à espera de um tal presente de anos e imagino mesmo que ela no momento até já tenha esquecido o cadeirão, porque quando o levei de lá de casa fingi falta de convicção, e ainda lancei, com pouca firmeza, um "vou ver o que consigo fazer disto". Até a escolha do tecido para as almofadas não foi sem intenção: não é o tecido que a cunhada escolheria, ela é pessoa mais contida e clássica nos seus gostos. Mas o propósito foi mesmo esse, tirá-la da sua zona de conforto e dar um boost, um impulso, alguma cor à sua vida.
Minha cunhada não é dada a DIY, e a cadeira, pesada e rústica iria ficar forever esquecida a um canto se eu não lhe lançasse mão. Trouxe-a comigo há alguns meses e demorei de propósito a trabalhar nela, pois só quero devolver a cadeira no dia do seu aniversário, daqui a alguns dias. Minha cunhada tem passado por problemas graves de há um ano a esta parte, que a têm deixado muito em baixo, e quero que ela tenha a surpresa de entrar na sua sala e se deparar com a cadeira renovada. Tenho a certeza que ela não a vai reconhecer, não está à espera de um tal presente de anos e imagino mesmo que ela no momento até já tenha esquecido o cadeirão, porque quando o levei de lá de casa fingi falta de convicção, e ainda lancei, com pouca firmeza, um "vou ver o que consigo fazer disto". Até a escolha do tecido para as almofadas não foi sem intenção: não é o tecido que a cunhada escolheria, ela é pessoa mais contida e clássica nos seus gostos. Mas o propósito foi mesmo esse, tirá-la da sua zona de conforto e dar um boost, um impulso, alguma cor à sua vida.