Sei que o Verão está no fim, mas não posso deixar de partilhar algumas ideias que vi por aí e achei cativantes. Inspirações de reuso, a maior parte delas: utilizar uma cadeira ou embarcações para transforma-las em "vasos" incomuns e decorar os jardins; recorrer a barris para indicar e iluminar a entrada de casa ou demarcar uma zona. Ou tão simplesmente aproveitar as pedras altas de um canteiro, colocar almofadas em cima, e aparecer quase que por magia, um canto agradável para sentar os amigos. Criatividade alheia, que sempre me encanta.
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TÁBUAS
A ideia não é inédita, eu mesma já tinha feito uma versão caseira que podem recordar aqui, mas nesta minha viagem constatei que continua em alta, o uso de tábuas de cozinha como individuais. Quem me conhece sabe que eu não cozinho absolutamente nada, mas que adoro uma mesa posta. E geralmente quando há almoços ou jantares cá em casa, haja quem faça/traga/encomende a comida, pois eu fico só com a parte da decoração das mesas! Durante a semana, com as nossas rotinas corridas, é difícil arranjar-se tempo para uma mesa diferente. Mas eu, sou uma fã incondicional de loiças e afins, e gosto de registar ideias que vejo por aí, para poder adaptar e fazer algo mais elaborado aos fins de semana. Afinal, também se come com os olhos! Agrada-me descobrir nova disposição dos talheres, uma outra forma de colocar o guardanapo, se leva porta guardanapo ou só uma amarração, como foram os copos arrumados. E quanto mais sair das regras de etiqueta, mais eu acho graça! Estas mesas foram todas fotografadas no piso de loiças da Saks Fifth Avenue de Toronto, e bem sei que as lojas aproveitam para mostrar o máximo dos seus produtos quando montam as mesas, mas eu até acho interessante esta sobreposição over de elementos, apesar de reconhecer que "na vida real", é impossível e nada prático ter tantos itens em cima da mesa. Mais uma vez, as fotos foram feitas com o telemóvel, disfarçadamente, para não chamar a atenção, daí a fraca qualidade das imagens, mas, mesmo assim, vamos tirar inspirações e aproveitar o resto do verão e das férias para surpreender lá em casa!
PURO ACONCHEGO
Claire é, numa primeira aproximação, uma senhora tradicional e discreta. Mas quando se estreita a convivência, damo-nos conta da pessoa sociável, disponível para quem a procura e cativante que está à nossa frente. E assim é também a casa de 1880 que ela própria remodelou. Num olhar mais distraído, parece-nos clássica, sóbria e igual a tantas outras da região. Mas quando entramos, o que sobressai é um estilo rústico e tão feminino, envolto numa paleta pouco óbvia de tons terra, que filtra a luz e nos dá a sensação de um abraço. A cozinha, pela sua localização central, é literalmente o coração da casa e pela manhã, despertamos com o cheiro a café e pão acabados de fazer que perfuma os ambientes. Louças de família, livros de receitas, pratos pelas paredes, souvenirs deixados pelos viajantes que por lá passam, e detalhes originais da casa, como as saídas de ar quente nos pisos, rodapés altos e molduras trabalhadas das portas e janelas, convivem em harmonia. Na sala de jantar, a peça de eleição da Claire: o antigo pé da máquina de costura atua como móvel de apoio na hora das refeições. Pertencia ao seu pai, que trabalhava nos correios e servia-se da máquina para costurar e remendar os sacos e malas de couro que serviam para transportar a correspondência. Achei curiosa, a história. Assim como achei singular receber a chave de uma casa que não me pertencia, num gesto natural e sem constrangimentos. Única recomendação? deixar os sapatos à porta!
ST. JACOBS
Foram 3 semanas de umas excelentes férias, mas não, não vos vou contar sobre as cidades grandes que visitei, pois essas são muito bem divulgadas em qualquer site de viagens. São cidades enormes, cheias de entretenimento e sítios interessantes, entupidas de turistas e com filas para tudo. Exatamente como eu não gosto. Vou antes falar-vos de St. Jacobs, uma vila rural, situada no Canadá, a uma hora de carro de Toronto. Foi aí que fizemos o turismo que nos dá prazer, sem pressas, sem gente, a pedalar e a descobrir. Importa dizer que na região de St. Jacobs habita uma grande comunidade de Menonitas, que tal como os Amish, são desligados das novas tecnologias, têm hábitos muito conservadores e vivem daquilo que produzem. Também não gostam de ser fotografados (interpretam eles que "a pessoa não deve se sentir vaidosa ao se ver gravada numa imagem"), e é por isso que não vou poder partilhar aqui as crianças lindas que vi a brincarem no jardim de casa ou a ajudarem os pais na lida: os meninos vestidos de calças e suspensórios, camisa branca ou xadrez, chapéu de palha tal qual os pais, as meninas com vestidos compridos, avental e touca branca na cabeça, à semelhança das mães. Assim como guardarei na memória e não na máquina, famílias inteiras deslocando-se nos buggies puxados por cavalos, dirigindo-se ao mercado ou ao meeting point (termo que usam para designar a igreja deles). Cenas que pareciam saídas de um filme de época e que muito me enterneceram. Vão ver aqui algumas fotos entre as centenas que bati, mas as melhores, essas, pelas razões explicadas acima, não pude tirar. Ficaram só na minha retina.
Pedido feito à entrada da cidade: conduza como se os seus filhos vivessem aqui.
Pedido feito à entrada da cidade: conduza como se os seus filhos vivessem aqui.