Tenho uma tendência incrível para empurrar com a barriga as coisas que não me agradam muito. E preparar a casa para o Natal é uma delas. Como se 24 não fosse chegar, ou se vier (como é inevitável) tudo se resolvesse por si só. O pior, é que nada aparece feito sem a minha intervenção: a árvore não sai da caixa sozinha e se monta a ela própria e os enfeites que lotam a arrecadação não surgem nos locais que idealizei como que por magia! Mas ao mesmo tempo dá-se um fenómeno curioso: não sou alheia às decorações que em final de Outubro começam a surgir no comércio, e se forem diferentes, com cores que fujam às tradicionais ou realmente bonitas, sou cliente em potencial! O resultado é que tenho 5 árvores de vários estilos e caixas abarrotadas. Explico isso com a minha veia estética e mente inquieta, que gosta de ser desafiada. Todos os anos preciso montar quatro árvores, em locais diferentes e sempre reclamo da tarefa. Mas todos os anos esforço-me para fazê-las diferenciadas. Reconheço que o Natal traz-me um certo desassossego e sentimentos díspares. O que gosto mesmo desta época é da chegada do Inverno, das árvores nuas, do nevoeiro matinal, das iluminações da Baixa. De poder andar pela cidade e contemplar tudo isso. Sei que é uma quadra de reunião, e com grande parte da família fora, é claro que sou sensível ao esforço que cada um faz para estar presente. Mas sinto falta, muita mesmo, de algumas pessoas que já partiram e isso não me deixa viver o Natal na sua plenitude.
Mas 24 chega, pontualmente, ano após ano, mesmo que eu não queira, então, para os que aqui passam, desejo uma noite muito feliz, porque para mim, também será!