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A DANÇA DAS CADEIRAS

O périplo das cadeiras coloridas continua. Chegou uma Queen Anne azul para fazer companhia às restantes. Há uns tempos atrás a Dulce do Koklikô perguntou-me como era o meu processo criativo. Fez-me sorrir a pergunta, porque quem me conhece sabe que não penso demasiado sobre as coisas e nunca planeio. Portanto as cores foram escolhidas no ímpeto do momento, e os tecidos são os que havia em casa. Parece que se coordenaram bem, apesar de não haver um tema comum. Mas até isso deixou-me satisfeita, pois quer dizer que terei total liberdade de inventar, quando tropeçar nas três cadeiras que ainda faltam para completar a mesa de jantar.

DUPOND ET DUPONT

Encontrei-os juntos, companheiros de uma vida e achei que assim poderiam continuar.
Quase, quase, falhavam o embarque com destino a Bruxelas, na carrinha do Sr. Serafim. Não fosse estar 30 graus em Lisboa, e eu ter saltado todas as etapas de secagem e mais algumas que são da praxe neste tipo de trabalho, jamais teria acabado a tempo de seguirem viagem.
Mas lá se fizeram os dois à estrada, de roupa nova (ou melhor dizendo, de capas novas) para continuarem as suas aventuras e convivência mútua, no país do Tintin.

TUDO AZUL

Não era assim que eu a idealizava, mas a "cliente" foi difícil e irredutível. Por mais que eu argumentasse que tecido nas laterais e no tampo faria toda a diferença num móvel completamente azul, e até fiz uma simulação e mandei-lhe por whatsapp, ela não se deixou convencer. E para não passar de uma mesinha de cabeceira preta e enfadonha para uma mesinha azul e só um pouco menos enfadonha, ela (filha) acedeu (relutante) a que a marca registada da artista (ou seja, eu), ficasse escondida. Desta vez de colorido, só o interior da gaveta. Será assim como que um efeito surpresa, afinal não dizem que a beleza vem de dentro para fora...???

A NOVA CADEIRA VELHA

Desta vez não meti as mãos na massa. Apenas fui a mentora do projeto: tive olho para pescar a cadeira no meio de um monte de móveis desinteressantes do sogro; pedi que o pintor lhe desse uma cor cereja e entreguei ao estofador uma sobra de tecido.
Ela não é confortável e nem sequer linda, mas vai fazer parte das seis cadeiras que eu me propus encontrar para a minha mesa de jantar. Já tinha uma salmão, agora veio a cereja e está a chegar uma azul. Faltam três. Com a sorte que tenho de me cruzar com móveis velhos por aí (e não, não estou a ser irónica) em breve completo o conjunto.