Ou, traduzindo para a língua de Camões, um abajur feito com retalhos.
Já tinha o candeeiro de pé há uns três anos. Veio de um recheio de uma casa, e estava bastante maltratado, mas o pormenor da mesinha incorporada, chamou a minha atenção. Guardei-o, e a certa altura mandei lacar de uma cor neutra, pois a minha intenção era colocá-lo no quarto do filho, ideia que acabei por abandonar.
Até que agora surgiu a oportunidade de lhe dar um destino.
A filha mais velha mora na Bélgica e mudou-se de um pequeno estúdio que dividia com uma colega, para um apartamento de dimensões generosas que passará a ser partilhado por três. Perguntou-me se eu não teria "móveis a mais" que lhe pudesse dispensar. Ter, até tenho. Mas todos velhos, achados nos andares que entro para fazer obras, guardados num depósito à espera de melhores dias.
Pensei muito entre recuperar algumas dessas peças e pagar um frete para Bruxelas, ou simplesmente mandá-la abastecer-se no Ikea local. Ganhou a primeira opção. Nem quis fazer muitas contas para não me arrepender.
Assim sendo, seguirá a meio de agosto, diretamente de Lisboa para o bairro de Gribeaumont em Bruxelas, o transporte do Sr. Serafim, com uma mesa de jantar e seis cadeiras que eram minhas e não precisam de reforma; uma mesa de cabeceira que estou neste momento a dar um up; um louceiro velho que foi ali levar uma tinta branca; um sofá e duas poltronas que estão no estofador; e este candeeiro. Dois bancos para a cozinha, encontram-se em fase de estudo de ideias e ainda em dúvida quanto ao embarque.
Dar ao sisudo candeeiro um ar menos sério, não foi difícil: bastou-me arranjar uma estrutura de abajur graciosa, uma mão cheia de retalhos e alguma paciência.